ainda bem

quando eu tinha cinco anos e choveu por dois dias seguidos, eu achei que nunca mais faria sol.
quando eu tinha 12 e sofria pressão para beijar na boca, achei que nunca faria aquilo.
quando fiquei preso no elevador, traumatizei e achei que nunca mais pegaria um.
quando terminei meu primeiro relacionamento, achei que nunca mais fosse me relacionar.
quando operei os olhos, achei que nunca mais fosse enxergar.
quando briguei com minha melhor amiga, achei que nunca mais fôssemos nos falar.
quando um professor da faculdade disse que eu nunca seria jornalista, achei que eu nunca seria jornalista.
quando saí da casa dos meus pais, surtei. perguntei-me se algum dia eu seria feliz.

em todos estes casos, a vida provou que eu estava enganado. "nunca mais" é muito tempo. "sempre" também é tempo demais.

o que hoje é regra, amanhã pode não valer nada.
a sua tristeza eterna, de repente vai embora hoje mesmo.
o seu amor da vida toda, talvez não dure tanto assim.

as coisas mudam.
as pessoas mudam.
e tudo se transforma.

[ainda bem.]