Deus criou a águia e o anjo e o
homem e assegurou-lhes que todos voariam. Com a pratica, a águia foi ganhando
uma certa experiencia e até já conseguia fazer um duplo mortal invertido e voo
picado, porém o anjo viu como o pássaro voava: batendo as asas, recolhendo as
pernas e realizando algumas piruetas e resolveu imita-lo.
O homem que não sabia voar, apenas
observou a guia deslizando, o anjo flutuando sobre as nuvens e com astúcia
tentou aparatos e técnicas originais, mas se sentiu envergonhado por não conseguir
voar.
Inconformados, eles foram até
Deus e disseram que não queriam ser confundidos com galinha, e então perguntou porque
inteligência ou um par de asas tão poderosa se eles não podiam fazer as manobras
mais difíceis?
Sabiamente, Deus que já os
observava a uma distância discreta durante todos os dias de treinamento, respondeu
que deu ao homem, o conhecimento; as asas aos pássaros para que voassem por
convicção, e para os anjos as asas era mais um aparato de fé do que de voo.
Como se tratava de criaturas,
ainda numa fase de iniciação, já num rápido gesto de enfado, os desafiou dizendo:
Tirem todo o conhecimento, as asas e voem.
- Isso é cruel, afirmou a águia, faço
qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, menos automutilação. Com voz trémula e
humilde a águia disse que sem as asas não contemplaria a beleza do céu e o
frescor das nuvens com singular elegância, voando e rindo e doeria viver sem
ver os crepúsculos inflamados em algum lugar perdido do mundo.
- Com o seu perdão, disse o obediente anjo... preciso dela para servi-lo, meu criador. Eu faço das asas uma
bandeja para servir as demais criaturas e até pintaria elas de azul e ainda me juntaria a um bando de araras nas florestas tropicais para embelezar o céu.
- E eu lá sou doido, Deus! Fica sabendo
o Senhor que isso eu não faço mesmo, entende? Protestou o homem meneando a
cabeça. Mas por via das dúvidas farei asas deltas eficientes, paraquedas
resistentes, aviões seguros, etc. para que as pessoas se sintam confiantes.
Deus, como se sabe, sequer questionaria
as palavras da águia e não estranhou a reação do anjo, e até hoje tem ignorado a
altivez do homem que não recebeu asas. Sem sombra de arrogância, o Criador se
apieda de todos e nos deixar ir viver livre pra voar.
Mas o que o todo poderoso requer
com esse desafio não é que nos lancemos inteiramente de um penhasco altíssimo,
mas que sejamos mais destemidos como as águias, obedientes como os anjos e mais
prático como humanos.
Quando Deus lhe pedir que suba ao
penhasco e que tire suas asas, não o conteste. Não diga nada. Vá até ao
penhasco. Pode ser que naquele trágico instante, ele lhe mostre a beleza da
vida a disciplina que lhe faltava e que pratique a fé nele. Além disso seja uma águia, um anjo sem asas passeando
entre todos, como uma espécie de agente secreto de Deus. Ora como um observador
num campo de batalha. Ora como Uma testemunha incógnita do poder de Deus. Provavelmente
seremos humanos mais felizes. Todavia, Deus compreende que devemos ser cordatos
e delicados entre nós, e que falta além de um pouco mais de educação, falta-nos o essencial:
a fé Nele.