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28/12/2018

Teoria do Cinema e Psicanálise

 Filmes do Sofá 




                 A psicanálise é uma disciplina iniciada por Sigmund Freud que estuda o inconsciente em todas as suas manifestações. Como método terapêutico, busca trazer à superfície o material mental reprimido, dando ao psicanalista a capacidade de reproduzir conflitos do passado do paciente, a fim de apontar desejos inconscientes manifestados por meio de signos vinculados a processos de satisfação pertencentes à infância. 

De um modo geral, a psicanálise também aborda a maneira pela qual nos tornamos sujeitos através do estudo das estruturas básicas do desejo que fundamentam toda a atividade humana. Dando atenção a essa segunda perspectiva (mais ampla e mais ambiciosa), não deveríamos nos surpreender com o rápido interesse que esses objetivos despertaram na teoria do cinema nos anos 1970 (coincidindo com o boom popular causado pelas releituras que Jacques Lacan fez de Sigmund Freud trabalho), especialmente se reconhecermos que, em seu mecanismo de representação ficcional, o cinema como espetáculo precisa ter um indivíduo social e psicologicamente envolvido nele: o espectador. Assim, através dos olhos da psicanálise, a teoria do cinema tenderá a considerar o cinema não como um objeto, mas como um processo, deslocando a análise do significado dos filmes para o estudo dos fenômenos responsáveis ​​pela produção da subjetividade que ocorre durante sua visualização. O espectador torna-se, assim, o personagem principal nas novas linhas de pesquisa propostas.

De todos os filmes possíveis que poderíamos mencionar, optamos por destacar, simbolicamente, apenas um título, talvez no receio de elaborar uma lista de aspirações exemplificativas irremediavelmente inconclusivas. Vamos agora mencionar o filme de Alfred Hitchcock, Janela Traseira (1954), não por causa das muitas análises que foram feitas dela, mas por causa de sua condição de história epistemológica do cinema, sua força como uma representação capaz de explicar os mecanismos de discurso que formam o lugar do espectador na tela e sua estimulante encenação. moldado pelo significante fílmico. Da crítica mais militante à mais sábia teoria, todos coincidiram em ver nesse filme de Hitchcock um brilhante paralelismo estabelecido entre a situação do espectador na sala de cinema e o contexto ficcional do personagem principal, um fotógrafo confinado a uma cadeira de rodas, LB Jeffries (James Stewart). Os fenômenos analisados ​​neste estudo, como a situação cinematográfica, a identificação do espectador gerado a partir de sua posição privilegiada como foco principal da representação, voyeur como o espectador de cinema.

Referências
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