Vivemos em um tempo em que o
mal-estar se radicalizou e se expressa em manifestações de intolerância religiosa
e conhecimento. Vemos muitos pensamentos contraditórios gerando tensões nas
mentes e corpos das pessoas. E geralmente, nos sentimos ameaçados ou
estressados com tudo ao redor.
Ainda que a maior parte do que sentimos
ocorra no nível inconsciente, os efeitos são poderosos em nossas vidas conscientemente. Porque infelizmente
a nossa mente possui qualidades que podemos achar desagradáveis ou
ameaçadoras. Por exemplo: Se fomos criados para acreditar na importância
de boas maneiras e aceitação, quase sempre somos rudes e intolerantes no seu uso.
Talvez isso ocorra porque as
pessoas já se acostumaram ao seu "lado sombrio”, o seu "eu das
sombras", como chamava Jung. E omitimos esse lado para representa
o oposto direto da "persona", ou seja, a imagem pública que gostamos de
apresentar ao mundo – algo que quase sempre é pautado pela intolerância e ignorância
consentida seja das complexidades dos sistemas linguísticos, psíquicos ou impostos
pela religião, sociedade, política, história, cultura.
É compreensível que nunca é fácil
conhecer o próprio inconsciente e questionar as falsas racionalizações pelas
quais vivemos, mas podemos ao menos reconhecer a incerteza e a incompletude e
isso pode permitir-nos viver de maneira mais autêntica e criativa. Sendo assim:
Podemos em primeiro lugar, começar
a seguir nossos interesses reais em vez daqueles que adotamos por medo ou para
agradar aos outros. Também podemos perceber a inutilidade de tentar
controlar as pessoas ao nosso redor e dar a elas o espaço que as privamos, permitindo
que nossos relacionamentos se desenvolvam e cresçam. Principalmente em
torno da tolerância religiosa.
Em segundo lugar, caberá a cada
um rever e ver se é urgente abordar certos tipos de questões que pode e não
pode ser tolerado sobre diferentes crenças, práticas e atitudes nas pessoas em
nossa e em outras culturas. Inclusive, nessa operação, vemos a ignorância
e a agressividade obscurecendo a mente de muita gente. Daí surge
nelas certa "paranoia" do conhecimento, da lógica, do sentimento que mantem no
imaginário a ameaça, o medo e o ódio.
E por fim, antes de querer tolerar os estranhos em tempos intolerantes, com a ajuda da fé ou da psicanálise, verifique
se ainda está propenso a intolerância e preconceito interno. Pois se de um lado, o ódio ou o desejo de
destruição ao diferente são constitutivos; do outro, é de escolha e responsabilidade do
sujeito colocá-lo em pratica. Portanto, a maior vingança contra os seus ressentimentos e dos outros será a alegria.
Então não perca tempo com seus
inimigos externos, mas consigo mesmo. Deixe que cada um deles acertem suas contas com o
destino. Enquanto a você, vai cuidar da sua história. Trabalhe e mostre seu valor. Porque o resto
basta.

