20/01/2020

O resto basta.



Vivemos em um tempo em que o mal-estar se radicalizou e se expressa em manifestações de intolerância religiosa e conhecimento. Vemos muitos pensamentos contraditórios gerando tensões nas mentes e corpos das pessoas. E geralmente, nos sentimos ameaçados ou estressados com tudo ao redor. 

Ainda que a maior parte do que sentimos ocorra no nível inconsciente, os efeitos são poderosos em nossas vidas conscientemente. Porque infelizmente a nossa mente possui qualidades que podemos achar desagradáveis ​​ou ameaçadoras. Por exemplo: Se fomos criados para acreditar na importância de boas maneiras e aceitação, quase sempre somos rudes e intolerantes no seu uso.

Talvez isso ocorra porque as pessoas já se acostumaram ao seu "lado sombrio”, o seu "eu das sombras", como   chamava Jung. E omitimos esse lado para representa o oposto direto da "persona", ou seja, a imagem pública que gostamos de apresentar ao mundo – algo que quase sempre é pautado pela intolerância e ignorância consentida seja das complexidades dos sistemas linguísticos, psíquicos ou impostos pela religião, sociedade, política, história, cultura.

É compreensível que nunca é fácil conhecer o próprio inconsciente e questionar as falsas racionalizações pelas quais vivemos, mas podemos ao menos reconhecer a incerteza e a incompletude e isso pode permitir-nos viver de maneira mais autêntica e criativa. Sendo assim:

Podemos em primeiro lugar, começar a seguir nossos interesses reais em vez daqueles que adotamos por medo ou para agradar aos outros. Também podemos perceber a inutilidade de tentar controlar as pessoas ao nosso redor e dar a elas o espaço que as privamos, permitindo que nossos relacionamentos se desenvolvam e cresçam. Principalmente em torno da tolerância religiosa. 

Em segundo lugar, caberá a cada um rever e ver se é urgente abordar certos tipos de questões que pode e não pode ser tolerado sobre diferentes crenças, práticas e atitudes nas pessoas em nossa e em outras culturas. Inclusive, nessa operação, vemos a ignorância e a agressividade   obscurecendo a mente de muita gente. Daí surge nelas certa "paranoia" do conhecimento, da lógica, do sentimento que mantem no imaginário a ameaça, o medo e o ódio.

E por fim, antes de querer tolerar os estranhos em tempos  intolerantes, com a ajuda da fé ou da psicanálise, verifique se ainda está propenso a intolerância e preconceito interno.   Pois se de um lado, o ódio ou o desejo de destruição ao diferente são constitutivos; do outro, é de escolha e responsabilidade do sujeito colocá-lo em pratica. Portanto, a maior vingança contra os seus ressentimentos e dos outros  será a alegria.

Então não perca tempo com seus inimigos externos, mas consigo mesmo. Deixe que cada um deles  acertem suas contas com o destino. Enquanto a você, vai cuidar da sua história. Trabalhe e mostre seu valor. Porque o resto basta.

fotos

tom caet