Sempre me deparo com alguém traumatizado com a experiência evangélica, que não suportam mais ficar no mesmo local com crentes corruptos. Que preferem manter com eles apenas um vínculo meramente formal como uma comunidade cristã: acreditando em Jesus, sendo todos filhos de Deus e pronto!
Pra alguns cristãos, é muito cômodo ter uma aparência de santo, é até fácil; porém, aquilo que é oculto sempre vem a ser revelado. É lendo as escrituras que aprendemos a escolher e fazer o que é certo, porque isso deixa Deus e as pessoas felizes com gente. Só que muitas vezes, somos tentados a não querer oferecer o melhor para Deus e de modo egoísta impedimos a verdadeira entrega do nosso coração a Ele e dos outros, deixando de servi-Lo com procedimento digno de servo.
Atentemos ao triste fim de Eli que era sacerdote e pai de Hofni e Finéias, que não eram obedientes como Samuel e não escolheram fazer as coisas certas, pelo contrário, fizeram tudo errado diante dos homens e diante de Deus.
Bem como muitos hoje, Eli havia sido escolhido especialmente por Deus para ser Sacerdote e juiz em Israel (2.28). Mas, infelizmente, não foi fiel em sua missão. Principalmente por conta de seus filhos, que se tornaram sacerdotes sem as qualificações morais. Eles eram profanos, desprezavam as coisas de Deus, fazendo pouco caso do que é sagrado. Não se contentavam com o seu salário, tomaram para si aquilo que pertencia a Deus, explorando o povo, fazendo comércio das coisas de Deus, desonrando assim seu ofício sacerdotal (2.12-17). Algo que nos faz querer entender o porquê da pessoa que é ensinada na verdade de Deus, se tornar absolutamente incompreensível à Palavra divina. Mas a pergunta é: por que isso acontece com elas?
Isso ocorre por causa dos maus exemplos no meio evangélico, dos ensinamentos contaminados dos que escolheram fazer o que é errado, dos que terão problemas depois e que ignoram que pagarão um preço por isso. Porém é indispensável lembra-las que encontramos um caso bem claro “nas” Escrituras: é o dos filhos de Eli, descrito em 1 Samuel onde verificamos o repúdio de Deus e Seu julgamento sobre ele e seus filhos. O pecado deles era muito grande à vista do Senhor, pois eles estavam tratando com desprezo a oferta do Senhor. (1 Sm 2.12-17). Por que vocês zombam de meu sacrifício e da oferta que determinei para a minha habitação? Por que você honra seus filhos mais do que a mim, deixando-os engordar com as melhores partes de todas as ofertas feitas por Israel, o meu povo?’... É chegada a hora em que eliminarei a sua força e a força da família de seu pai, e não haverá mais nenhum idoso na sua família, e você verá aflição na minha habitação. (1 Sm 2.29,31-32).
O que assusta é que Eli não está sozinho nesta historia. Hoje, infelizmente há muitos outros casos de irmãos que conhecem a Deus e que são ou tem filhos abomináveis e sinistros nas igrejas. Tomando ainda outros exemplos na bíblia, temos: Adão (Caim), Isaque (Esaú), Samuel (seus filhos – 1 Sm 8.3), Davi (Absalão) e Ezequias (Manasses).
Mas foi de Eli, inerte, insuficiente, a culpa de ser tolerante e conivente com os pecados dos filhos, permitindo que eles seguissem no ministério... Deus se queixou de Eli, dizendo que ele honrou mais aos filhos do que a Deus. (2.29).
Os pecados de Eli e seus filhos levaram o povo a afastar-se também de Deus (2.24). Deus retirou sua bênção e o povo foi derrotado em uma batalha (4.2). O povo achava que a Arca da Aliança os salvaria, chegaram até a trazê-la para o campo de batalha. Fizeram um culto fervoroso. Ofni e Finéias estavam segurando a Arca, mas tal fervor não alcançou os céus e não passou de puro entusiasmo humano (4.5). Fez muito barulho, mas Deus não os atendeu (4.10). De nada adianta a Arca da Aliança quando não estamos sendo fiel a Aliança. Trinta mil homens morreram, entre eles, Ofni e Finéias. A Arca foi parar nas mãos dos filisteus (4.11). Eli, abalado com a notícia, também acabou morrendo (4.18). A mulher de Finéias, que estava grávida, deu a luz prematuramente e arrasada, colocou em seu filho o nome de Icabô (4.21), que significa, foi-se embora a glória de Israel. O temor de Deus que faltou a Ofni e Finéias agora é visto entre os pagãos! Este episódio me faz lembrar-nos de Jesus quando disse: "se estes se calarem, as próprias pedras clamarão” (Lc 19.40)!
Mas "antes que a lâmpada de Deus se apagasse" (3.3), a Palavra de Deus se manifestou ao menino Samuel (3.4), que ao contrário das atitudes rebeldes acolheu a voz de Deus, dizendo: "Fala Senhor porque teu servo ouve" (3.10). Devido a sua prontidão em obedecer, Deus fez de dele um verdadeiro profeta (3.19). Samuel é usado por Deus para promover uma verdadeira reforma! Um reavivamento espiritual transformou a nação! Ele conclamou o povo ao arrependimento (7.3). O povo confessou os seus pecados (7.6), abandonou os seus ídolos (7.4) e voltou-se para Deus com humildade, jejum e oração (7.6).
Que contraste se vê aqui em relação à atitude triunfalista dos arrogantes que festejava com brados de vitória o fato de possuírem a Arca (4.5). As palavras de confissão positiva não garantiram a vitória (4.10), no entanto, as palavras de confissão de pecado e culpa, e orações humildes, reconhecendo a total dependência de Deus, é o que produziu uma resposta dos céus! Portanto, não é o “barulho” na terra que produz barulho no céu, mas, sim, corações humildes e contritos diante do Todo-Poderoso! Não adiante ter dom do Sacerdócio, é preciso ter o caráter de servo [Jesus], pois nada substitui a obediência.
Não deixe o pecado o impedir de servir a Deus. Tenha caráter e dê testemunhe. Não escandalize as pessoas em volta e ajude alguém está com a vida irregular e continua a frente no ministério, ensine-o a parar ou afastar-se temporariamente, e mande-o procurar o conserto, para então voltar para o seu lugar. Não há pecado algum que o Sangue de Jesus não possa lavar. Quem é sensato não despreza as palavras de Tiago 5,16: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados”. Lembre-se: com quem é que nos identificamos nesta história? De Icabô (4.21) foi-se embora a glória de Israel, ou de Ebenézer (7.12), que significa: "Até aqui nos ajudou o Senhor!". Como é que terminará a sua própria história se continuar no curso em que está?
Deus diz: "Obediência quero e não sacrifícios” (1 Sm 15.22-23).
Essa é uma mensagem ao ministério pastoral que protege o erro.
