15/09/2019

Romanos 8:18 - eu sinto sua dor





Não há dúvida de que é difícil ver uma pessoa próxima lutando para resolver um problema "ruim” ou mesmo tomar certas decisões. Mas é natural querermos ajudá-lo e facilitar a vida dela. Infelizmente, nem sempre, conseguiremos resolver seus problemas e livra-lo de seu sofrimento. 

Alguns especialistas costumam dizer que, quando você sente que não pode mais suportar, geralmente é o momento de avançar mais um passo, para descobrir a força que você quem sabe nunca tenha tido antes.

Não vou discordar, porque geralmente me vejo aplicando isso no contexto espiritual. afirmando: “Basta. Não posso mais lidar com isso.” “isso não é problema meu”. Então, nos desligamos uns dos outros, desligando o disjuntor (cristo) é isso? 

Esse é o problema: quando você desliga o disjuntor, você acaba ficando insensível, entorpecido a tudo. Ao desligar o disjuntor também descobrirá que não poderá se conectar à alegria, risos e prazer geral. Quando você apaga o coração você apaga tudo, especialmente a compaixão. 

Não é um mero trocadilho, mas aprenda que ajudar não é sinônimo de resolver, mas sim, apoiar e proteger.  Portanto, tenha cuidado ao aplicar significado à palavra “ajuda”, porque isso determinará sua atitude e influenciará os resultados obtidos.

Particularmente, como missionário capelão, nos momentos em que não sei para onde recorrer ou a quem procurar ajuda quando vivo momentos difíceis, fico aflito, porque não sei tudo o que deveria.... Não, não há contradição quando digo isso. Apesar da minha dor, busco me concentrar na verdade, pois eu sempre acreditarei que, nos momentos mais difíceis da minha vida, o único que sempre esteve e sempre estará 100% do tempo comigo é Deus. Por isso leio Romanos 8:18, “Pois considero que os sofrimentos do tempo presente não são dignos de serem comparados com a glória que deve ser revelada a nós".

De certo modo eu sabia que o meu chamado era de pregar o Evangelho nos momentos difíceis na vida de todos, mas e de mim?
Ainda hoje, convivo com crentes que sequer reconhecem que têm capacidade de simpatizar com a dor alheia, sequer têm empatia de querer ajudar alguém em algumas circunstâncias.  Falo de modo cooperativo, ou seja, simpatizar com a dor dos outros... e não só acompanhar de longe sua dor, mas poder experimentar suas emoções para entendê-lo. Só temos que estar atentos para uma pergunta empática: como acompanhar sua dor sem se afogar nela?

Em primeiro lugar, está bem claro Em Romanos 8:18 que a dor que você sente, não pode ser comparada à alegria que está por vir... Portanto, acompanhar a dor de alguém é um sinal de generosidade, e não de confiança. E nessa perspectiva, certamente os cristãos que não conseguem resolver seus próprios problemas, tão pouco resolverá o dos outros. 

Em segundo lugar, deve-se dar um basta a insegurança e a desconfiança que mantem dentro da sua fé.  Tem muito crente desejando mais ruína (punição) e menos auxílio (solidariedade). Digo isso porque vemos a maioria deles sendo motivados a punir do que consolar aqueles que sofrem. Por exemplo, os desviados de determinada igreja.

Se analisarmos a natureza condicional de seu afastamento, a torcida dos demais igrejados, expressa mais desejo de vingança, do que insatisfação.

Parece que pouco importa a imparcialidade das interações sociais (conduta). Acho que nem sabem que isso é crucial na evolução do cristianismo. Inclusive, muitos ignoram ou não sabem que há um limite muito sutil entre ajudar utilmente e envolver-se excessivamente. Logico que tudo em excesso acaba sendo prejudicial a todos. Voltando, falta para esses supostos cristãos, um comportamento altruísta, do tipo que protege as pessoas e não que as mesmas sejam exploradas pelos influenciadores sociais modernos que semeiam o falso senso de justiça e dever moral em seus cérebros como o certo. O que não é, obviamente.

Em terceiro lugar, seja um cristão autentico que mostra uma preocupação genuína e que quer ser capaz de ajudá-lo. Amparando-o, não nos tornaremos “solucionadores de problemas” e nem assumiremos as responsabilidades dele, a não ser que o crente não esteja firme no Senhor, aí  é provável que mais cedo ou mais tarde acabará sendo esmagados pelo peso dele.

E finalmente, leia com frequência o Evangelho. Ele nos ajuda a preservar nosso equilíbrio mental e emocional, e nos ensina a dar à outra pessoa a oportunidade de crescer e aprender com a experiência própria. O crente que busca manter o seu equilíbrio mental prega uma mensagem alinhada ao amor cujo o profeta Isaías no Cap. 61:1-3 parte ensinou e Cristo com o seu poder completou:

O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;    a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;    a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado.   

Por sua vez, aos crentes verdadeiros, ainda que isso os cause preocupações e grande angústia, entender que certamente com Cristo serão capazes de desenvolver uma preocupação empática - que implica a capacidade de atingir e experimentar os estados emocionais uns dos outros. Além do mais, com graça, o Evangelho nos guia até o nosso limite e não o ultrapassar. Pois ajudar não é "resolver", mas "amparar"... e isso não significa que seremos infectados pelas emoções da pessoa que pretendemos ajudar, e nem mergulharemos em sua própria frustração, raiva ou tristeza. 

Concluirei dizendo que o Senhor Jesus profetizou que o amor de muitos esfriaria (Mateus 24:12). Mas para que isso aconteça, o coração precisa desligar, ficar entorpecido e desconectar. Se você se manifestar com um coração entorpecido ou deprimido, saiba que há esperança para você. Mas serão necessários alguns passos intencionais para avançar em direção à sua liberdade.

Diz um provérbio chinês que se der a um homem um peixe, você lhe dará comida por um dia, mas se o ensinar a pescar, o alimentará pelo resto da vida.  

Portanto, mude esse seu modo de pensar. Comece lendo a Palavra com atitude e com crença, porque isso irá ajuda-lo apoiá-los quando necessário nesse novo caminho. E não se esqueça:  ajudar não implica resolver. Ajudando alguém, você não está carregando os problemas dele em seus ombros. Não, apenas está demonstrando como é ter responsabilidade com o próximo. 



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tom caet