Mas ele surge.
O chapéu engraçado e a roupa vermelha não parecem deixar dúvidas. “Suba nas minhas costas, vou tirá-lo daqui e levá-lo a um lugar segundo”, anuncia o bombeiro com voz de urgência.
“Espere um momento”, você interrompe. “Não vamos sair daqui antes que eu obtenha algumas respostas”. O bombeiro coça a cabeça. Esse tipo de situação não constava no manual de treinamento. Ele se aproxima para salvá-lo, julgando ter diante de si alguém sem juízo. “Nem pense nisto!”, é sua veemente advertência.
Talvez alguma coisa no tom de sua voz seja forte o suficiente para convencê-lo. Ou talvez sua abordagem seja tão original que o seu salvador resolva escutar.
“Bem, amigo. Você está realmente certo de que precisamos sair do prédio? Quero dizer, tudo bem, um incendio está acontecendo, mas ele não pode parar assim como começou – repentinamente? Outra coisa: quem me garante que lá fora seja um lugar seguro? Você trouxe fotos da parte externa do prédio?”
Pela fisionomia, pode-se ver a confusão no rosto do bombeiro – ele simplesmente se encolhe, indiferente às perguntas, surpreso com o local escolhido para fazê-las. Antes que o oficial retome a palavra, você prossegue: “Outra coisa: quem é você? Em que lugar fez seu treinamento? Sempre pensou nesta carreira? Ser bombeiro dá tanto dinheiro como ser analista de sistemas?”
Eu sei. A situação toda é sem cabimento. A emergência cala nossa curiosidade, não é? Qualquer pessoa curiosa teria, ao menos, o bom senso de esperar sair do perigo para fazer perguntas. Ninguém interromperia o próprio resgate para subter seu salvador a um questionário fora de lugar.
Pelo menos, na vida comum.
Espiritualmente falando, a coisa é diferente. De onde veio Deus? Como posso aceitar a Trindade se isso não é lógico? Vida eterna não é algo fantasioso demais para que tentemos explicá-la? Adão tinha umbigo (esta é clássica!)? Por toda parte, as pessoas estão impedindo que o Salvador tenha acesso ao coração delas, simplesmente porque buscam primeiro entender todos os detalhes, inclusive aqueles que são irrelevantes ou os que se acham, por definição, acima de nossa capacidade.
Deus quer que eu me ocupe das coisas essenciais, que ele revelou (Dt 29:29), sem me embrenhar por contendas inúteis , que dividem as pessoas. Alguns trocam a Verdade pela especulação, e se poem teimosamente onde nem mesmo admoestações racionais os podem trazer de volta ao caminho (Tt 3:10-11).
Estamos sendo resgatados. As circunstâncias urgem. Deus nos instrui quanto ao básico. O foco é salvação, não explicação minuciosa do funcionamento da Física. Deus não argumenta porque age de determinadas maneiras em relação à nossa vida. O fundamental é confiarmos no Seu amor ou ao menos submetermos às Suas decisões. Quanto às dúvidas, teremos toda a eternidade para perguntas ou não.