A relação social é extremamente complexa e sua formação começa na família. Para nós cristãos o amor se estrutura basicamente em torno da família, e nesse sentido, ele começa de modo conjugal, homem e mulher, ou seja, na escolha da pessoa para dedicar o nosso amor – tomar em casamento. Daí para constituí-lo não é um desafio, ou uma decisão pessoal, é uma escolha divina.
Vocês já pararam pra pensar do que somos capazes de realizar em nome de um sentimento? O que esta cegueira momentânea pode provocar? Quando apaixonamos, gostamos ou achamos que amamos, queremos receber, possuir o outro em nome do que sentimos e acabamos por esquecer o que o outro deseja, e espera de nós?
Somos livres para agir de acordo com nossas escolhas terrenas, e é justamente o resultado dessas escolhas que causará a punição da conduta boa ou má socialmente, seja na consciência ou no remorso da alma imposto ou conforme a fé de cada um, suas atitudes, seus frutos…
Ao escolhemos amar o outro apesar das diferenças pessoais e do tempo temos que respeitá-lo. Nós cristãos cremos que todos somos filhos de Adão e Eva - uma referência bíblica, e, por conseguinte e espiritualmente, quando regenerados pelo poder do Evangelho, entramos na família de DEUS, salvo em CRISTO.
Muitos não se compreendem porque o “seu” amor quase sempre é tratado como fantasioso, algo místico, recursos que se escoram em sorte ou azar, coisas do tipo bom ou ruim. Outros criam regras... E enganam-se quando acham que estas regras surgem dentro de nós ou existem desde que nascemos e não reconhecem que sem estímulos externos fica mais difícil...
As regras externas são compostas por um agradável jogo de atração e conquista de interesse humano. O que desperta em nós a vontade de descobrir a “essência” do outro e os segredos que estão dentro do “coração” humano, algo que gera cumplicidade, domínio. Contudo, humanamente e não obrigatoriamente para entender e começar as regras desse sentimento temos que:
Analisar, Ignorar a distância e a idade desse sentimento.
Descobrir o que sentimos pelo outro, se é gosto, paixão...
Evitar a transferência a frustração desse sentimento ao outro.
Evitar que esfrie o que sente por qualquer motivo.
Aprender a driblar as constantes mudanças de pensamentos.
Evitar as teorias e compartilhar da experiência do que se sente na prática.
Injetar vida no relacionamento. Alimentar seus sentimentos é criar alternativas.
Não tentar mudar o outro, apenas aceitá-lo como está, pois as pessoas mudam constantemente.
Não bancar o forte e jamais culpar alguém pela sua fraqueza.
Se doar esperando o mesmo, caso não, ter compaixão, eliminar o rancor e utilizar o perdão.
Embora nem todos precisem disso para amar, podemos utilizar tais regras para coordenar e nos orientar nos momentos certos da vida que também é uma escolha. Cada pessoa é única, ainda que, vivendo numa coletividade. Se queremos desfrutar o verdadeiro amor teremos que ter um coração quebrantado em relação a alguém, pois o verdadeira amor é fruto de um coração perdoador, compressível, solidário... Portanto vemos que o amor não é algo especifico para almas gêmeas ou que tem que receber em troca por ter dado... De qualquer forma, Todos são amados por alguém.
O amor não é um arquivo que mantém o registro de erros, muito menos arquiva mágoas. Ele ensina as pessoas que escolhem amar, saber que ao se envolver terá o dever e a responsabilidade de ser digno de ser amado de modo genuíno, reciproco, constante e contínuo. Porque o amor reconcilia baseado na Fé e na generosidade e não no medo, desrespeito e grosseria, leviandade, promiscuidade e traição.
Na Bíblia o significado prático da palavra “amor”, não se compara com seu uso teórico habitual. Basicamente temos 4 palavras gregas para se traduzir como amor. São elas: EROS, PHILOS, STORGE e Ágape.
EROS (físico, sexual):
Eros é um amor sensual, físico, da carícia, da relação sexual. Esse tipo de amor só quer receber com o intuito de receber algo em troca.
Quando alguém quer expressar ele diz: “Estou apaixonado por você!”, Você me faz bem; Você é meu/minha; Você é lindo (a); Você me pertence; Teu corpo é perfeito; Eu amo você porque você me faz feliz. Enfim, é o amor cego.
Esse tipo de amor pode até incluir algum sentimento verdadeiro, mas é, basicamente, atração física, desejo sexual e expectativa de satisfação pessoal. O Eros apresenta-se como amor pelo outro, mas é amor por si próprio: “Eu amo você porque você me faz feliz” ou “Eu me sinto fortemente atraído por sua amabilidade (você me amará), por seu temperamento alegre (você me diverte), por sua beleza e sensualidade (você me dará prazer), por seu talento (eu me orgulho de você)!” Porém, quando uma ou mais destas características desaparecem, o amor morre. Por isso tal amor é também conhecido como paixão, amor passageiro.
Apesar de tudo isso... Eros é totalmente humano, carnal, voltado para o sexo. Daí a palavra ERÓTICO. Nessa filosofia, relação sexual é sinônimo de “fazer amor”. Inclusive Casamentos construídos apenas sobre bases físicas e eróticas não duram muito... Esse tipo de amor realmente fecha os olhos para as faltas, ri dos defeitos e racionaliza os problemas.
Amor “fileo”: É o amor-amizade, fraternal, social. Desse vocábulo grego (“fileo”) temos algumas palavras derivadas, como Filadélfia (“fileo”, amor-amizade, e “adelfos”, irmãos) que significa “amor entre irmãos” ou “amizade fraternal; Teófilo (“Teos”, Deus, e “fileo”, amizade ou amigo) que quer dizer “amigo de Deus”; Filantropia (“fileo”, amizade, e “antropos”, homem) significa “amor humano”. Em suma, se você possui boas amizades, logo o que está em evidência é o amor “fileo”. Relacionam-se com a alma, mais do que com o corpo. Lida com a personalidade humana – o intelecto, as emoções e a vontade. Envolve compartilhamento mútuo. Em português, a palavra mais próxima é amizade. A forma nominal é usada apenas uma vez no Novo Testamento (Tg 4.4), mas o verbo “amar”, no sentido de “gostar”, e o adjetivo “amável” são usados muitas vezes.
Este é o grau de afeição que Pedro disse ter por Jesus quando este lhe perguntou, “Simão, filho de João, tu me amas?”. O pescador respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. No original grego, o sentido é: “Sim, Senhor, tu sabes que gosto de ti, que sou teu amigo” (Jo 21. 15,16).
Esse amor é menos egoísta, mas ainda assim contempla o prazer, a realização e os interesses pessoais. Não deveria, mas... Normalmente, desenvolvemos amizades com pessoas cujas características nos agradam, cujos interesses intelectuais e gostos compartilhamos. Desejamos e esperamos que estes relacionamentos sejam agradáveis e nos que beneficiem de algum modo. Damos, sim, amizade, atenção e ajuda, mas com alguma motivação egoísta. Mesmo assim, philos é um nível de amor mais elevado do que Eros. Nesse nível, “nossa” felicidade é mais importante do que “minha” felicidade.
Muitos casamentos comparativamente felizes são construídos nesse nível. Um casamento não pode sobreviver a menos que cresça pelo menos até ao nível do philos Você vê mais virtudes do que defeitos e gosta dessa pessoa o bastante para perdoá-la, ajudá-la e fazê-la feliz. Philos, por outro lado, honestamente encara os defeitos e decide se eles podem ser superados pelas virtudes. É o meio caminho do amor verdadeiro, é um amor que troca: É a metade da laranja; a que completa; a que pensa como eu; a que gosta das mesmas coisas;
É o amor doméstico. Longe de ser interesseiro, esse amor é humilde, que une o marido à sua mulher bem como os pais aos filhos. Logo, onde reina a harmonia... É o amor mais relacionado à família cordial, fraternal, em honra uns aos outros. Não pense que isso é fácil, mas com a sua escolha adicionada à graça de Deus tudo é possível...
Quando o samaritano olhou para o homem ferido e sangrando, não houve atração física (Eros). O homem que havia sido açoitado não era um ente ou conhecido querido; os judeus e os samaritanos se odiavam (não tinham amor storge). O homem deixado à beira da estrada não era um amigo; ele não tinha nada para oferecer; não havia possibilidade de ação recíproca (philos). Mas todos eram semelhante, em outras palavras um ser humano: “Por isso devemos ajudá-lo”. Isto é amor ágape. Ágape é amor divino! É infalível e eterno.
Esse amor é incondicional. É o amor do próprio Deus. Ou seja, não espera nada em troca. Não preciso esperar que alguém me ame para amá-lo. Aliás, com esse amor é possível amarmos até os nossos inimigos (Mt 5.44). A partir daí, espera-se que o amor de Deus se manifeste através de nós, nos nossos relacionamentos, principalmente com o cônjuge. (Ef 5.25 e Tt 2.3-4). Além disso, “O fruto do Espírito é amor...” (Gl 5.22). Só assim, seremos capazes de amar.
Se estiver casado (formal ou informalmente) na base do Eros, aqui está uma boa notícia para você: o amor cresce e desenvolve. Crescerá na medida em que você o cultivar. Portanto, a única esperança para o seu casamento desenvolver é acessar o mais alto nível do amor, Jesus Cristo, o filho de Deus. Que nos ama como somos, das nossas atitudes e atos egoístas.