11/09/2016

Setting terapêutico


A empatia é uma ferramenta indispensável para a compreensão do processo de construção de conhecimentos, afetos e comportamentos de uma pessoa, porém, não conseguimos ser tão compreendidos nisso porque todos nós somos diferentes em alguma coisa...

O nosso corpo é um templo... Não esse corpo corruptível, que adoece, que se putrifica, que seca e deixa de existir em estado de matéria. Falo do nosso Ser interior, nossa totalidade de experiência e existência. Nossas relações diárias. Examinai!

Não saiamos por aí reproduzindo aquilo que ouvimos anos após anos. Mudemos de ideia, mas não sejamos iguais aos outros necessariamente, sempre evolua... Como disse Guimarães Rosa: O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.

O ser humano não sabe lidar com a vida em si. Sempre acha desculpa ou culpa alguém pelo seu estado emocional.  Mal sabem que certos transtornos não se curam com good vibes; com power point motivacional; com vitimismo ; com enxada e suor; com grosseria e escrotice; só com força de vontade somente. Também não é frescura nem falta do que fazer; não é "negatividade" nem "pessimismo" tais transtornos. Apesar de ninguém ser obrigado a acolher pessoas em sofrimento emocional, não é necessário ser tóxico com elas. Nega-las também é estupidez. Se não quiser ou puder ajudar, não piore as coisas com opiniões sem sentido, mas não se afaste; isso já é um bom começo. Acima de tudo somos seres biopsicossocioespirituais, ou seja, crer em algo especificado (Deus, por exemplo) como uma fonte dentro do processo de cura é válida, pois a fé soma. Mas será que as pessoas que tem fé não fingem estar bem se preservando de seus momentos ruins (algo que só dizem respeito a elas) e só demonstram momentos bons e felizes, para somar?

Independente de qualquer resposta, não se deve esquecer que o amor e um abraço carinhoso e um bom medicamento tudo na dose certa também ajuda e muito.

Talvez o mais difícil seja tratar o outro da mesma forma que gostaríamos de ser tratados. Por tal motivo digo eu que deveríamos primeiro tentar conhece-lo como ele é e observar sua postura frente à realidade em que vive e como ele reage aos afetos externos. Depois de conhecer sua reação, verificar qual fim ele procura dar pra cada ação que realiza, assim poderemos chegar perto de trata-lo como ele gostaria de ser tratado, e não em como nós gostaríamos que ele fosse tratado, de acordo com aquilo que pra nós é conveniente. Apesar de tentar resolver os nossos problemas, não dá pra receber ajuda de alguém com a distância de um dedo apontado, cheio de preconceitos...

Esse pensamento de como devemos viver a vida para que ela seja boa depende da forma que tratamos um ao outro indiscutivelmente. Infelizmente já não há moralidade nos nossos pequenos atos cotidianos. Muitos de nós já fomos tomados pela metástase (disseminação-câncer) da corruptibilidade que percorre nas veias pela falta de moral, caráter e sensatez.

Realmente a nossa negatividade e pessimismo são tão partes da experiência humana quanto ao polo oposto: fé, bondade e atuação... Uma pessoa que tenta ser positivo o tempo todo fica recalcada e chata. E o pior é que estamos ficando solitários num meio de muitos chatos. Aconselho que mesmo confinados com eles, aprendamos a cultivar a paciência com os enganos deles. Às vezes engolindo a seco as suas arrogâncias. Será difícil, mas quem chegar nesse ponto, certamente terá sossego...  

Enfim, viver é isso: querer dar conta de uma missão grande é errar na maior parte das vezes. De vez em quando você insiste e acerta, outra você prefere nem tentar e isso tudo é muito legal. E sofrer não é tão ruim assim, você até gosta um pouco, assume. É só questão de aprender a ver e saber que tudo vai passar.




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tom caet