O jornal National Post do
Canadá relata que uma pessoa que admitiu ser difícil falar a outra o que fez de
errado, ainda assim disse que “há um sentimento muito bom em ter alguém para
ouvir sua confissão, orar com você e lhe dizer o que fazer”. Em contraste com
isso, o livro Bless Me Father for I Have Sinned (Perdoa-me,
Pai, porque pequei) fala de um homem que disse: “A confissão é uma das facetas
mais destrutivas da Igreja. Ela perpetua um comportamento neurótico em relação
aos pecados.
Lamentavelmente, no meio cristão,
vemos a cada dia os ditos crentes se achando superiores a todos e mais estranhos
à realidade que vive. A maioria aflora a sua desonestidade com desinformação e deformação
espiritual. Parece que o amor que eles têm ao próximo virou moeda de consumo e não
tem relação com o sentimento de Cristo à uma sociedade carente de justiça
social. Infelizmente existe um ponto nevrálgico que ajuda a explicar todo esse
fenômeno do fracasso: chama-se fofoca.
Aprendi que a fofoca nos tira o senso
comum das coisas e que com o tempo ela exclui a nossa razão e nos torna pessoas
ignorantes, sem entendimento, sem capacidade de dialogar. Porque ela age de
modo determinante nas nossas emoções e relacionamentos, tanto é que agimos egoisticamente,
com perversidade, sem medir as consequências da nossa insensatez com o próximo,
pois com a fofoca “somos” autossuficientes em nossos falsos juízos e dominados
pela estupidez e desrespeito ao outro. Ou seja, não nos interessamos pela solidariedade,
não conversamos com honestidade e ainda hostilizamos intelectualmente as
pessoas que não queremos...
Não direi aqui que todos os religiosos
cristãos sejam fofoqueiros e intolerantes, mas a minha intenção é a de
refletimos acerca da nossa postura cristã, e das razões a qual dizermos ser adeptos
do amor ao próximo e ao mesmo tempo, contradizer o Evangelho e, e o porquê de destruir
com a nossa língua intolerante tudo e todos que desconsideramos.
Em meu currículo de vida psicanalítica
cristã, aprendi a ser tremendamente engajado na luta pelas mudanças comportamentais
e transformações sociais, mas não sou piegas nem pedinchão do tipo que ora para
Deus me dar tudo pronto ... Também não vivo num de paraíso sem problemas, pelo
contrário, acho que muitos de nós vem empregando a vida à luta, mesmo
carregando a cruz das perseguições espirituais e incompreensões intelectuais arrastadamente...
Mas vejo que falta a certos religiões o senso comum de seus seguidores que estão
com a mente fragmentadas e desconectadas da sua raiz (Deus, fé, bíblia...)
Lamentamos ver a maioria dos
cristãos de “igreja” sendo chamados de fofoqueiros e isso não é novidade, infelizmente
não tem como impedi-los de saírem por aí espalhando contendas e fatos da vida
alheia nas esquinas e redes sociais, já que eles vivem num poço de contradições
e soberbamente afirmam fazer a “diferença” no mundo.
Justificadamente, há pequenas exceções, mas infelizmente,
a maioria dos que fofocam mesmo acreditando que não deveriam fazê-lo, os fazem para
mascarar a própria reputação ou para destruir a de outra, porém, os fofoqueiros
que vivem ignorando as implicações morais e suas consequências na sua própria
vida, esquecem de que quem fofoca demais pode ficar com fama de não ser digno
de confiança ou de falar demais… Inclusive, muitos deles espalham fofocas
negativas para aumentar seu “status” à custa dos outros.
É até triste falar disso, mas como
conviver com esses cristãos da língua grande que passam do limite da sua ação
espiritual uns com os outros?
Psicologicamente, é possível que talvez
sofram de Schadenfreude - uma
palavra de origem alemã - Schaden (dano) e Freude (alegria), utilizada para
designar o prazer obtido dos problemas ...que significa satisfação obtida
com a desgraça alheia.
Espiritualmente, ainda não aprenderam
que para cuidar de pessoas não é necessário se intrometer na vida e nas
decisões delas. E que aconselhar é fazer
com que as elas sejam capazes de caminharem com as suas próprias pernas,
logicamente, com certa dose de moderação. Ainda que existam “santos” que vão
além do que deveriam na sua função de guia espiritual e quebram a principal
regra do aconselhador que é guardar aquilo que seu aconselhando lhe conta, nunca
se esqueça que o cristão de verdade, o que cumpre o mandamento de amar o
próximo como a si mesmo, não fala da vida alheia e tampouco as usa para piorar
a situação de quem já está mal em algum aspecto..., portanto, tome muito cuidado
com a sua língua! Ela além de ser ferina, pode acabar com a sua vida cristã ou
ser usada como exemplo no púlpito, pelos tais “ungidos”.
Para ajudar os que desejam obter
o perdão de Deus acerca da fofoca, fuja desses “caras” das denominações que não
podem absolver pecados de ninguém, porque nenhum homem tem autorização para
perdoar quem pecou. No entanto, ainda que haja no meio cristão homens imaturos
espiritualmente, procure aqueles que têm qualificações profissionais e não só espirituais
para te repreender e te reajustar, ajudando-a a reconhecer a gravidade de
seu erro e a necessidade de arrependimento. — Gálatas 6:1.
Concluo dizendo que está raro
encontrar pessoas em quem possamos confiar um segredo qualquer ultimamente, porque
é possível que todos nós um dia também deixamos vazar algo que nos foi
confiado. Na dúvida, pelo fato de você ter um líder espiritual na terra, peço
que verifique se ele tem o direito profissional de poder emitir opiniões em
diversas áreas do tipo sexual, financeira, familiar, jurídica e cultural. Verifique se os tais estão realmente habilitados
para mudar o rumo da vida das pessoas em algum aspecto social.
Também devemos procurar repensar
nosso comportamento acerca da nossa fé. E creio que isso deve ser feito
diversas vezes ao dia, em constante vigilância aos pensamentos e aos atos e
principalmente reconhecer que todos nós podemos ser
VÍTIMAS da fofoca ou AGENTE da fofoca. E como a Bíblia nos diz:
“Não se amoldem ao padrão deste
mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. ” Romanos
12:2.