09/06/2017

Schadenfreude cristã







           O jornal National Post do Canadá relata que uma pessoa que admitiu ser difícil falar a outra o que fez de errado, ainda assim disse que “há um sentimento muito bom em ter alguém para ouvir sua confissão, orar com você e lhe dizer o que fazer”. Em contraste com isso, o livro Bless Me Father for I Have Sinned (Perdoa-me, Pai, porque pequei) fala de um homem que disse: “A confissão é uma das facetas mais destrutivas da Igreja. Ela perpetua um comportamento neurótico em relação aos pecados.

Lamentavelmente, no meio cristão, vemos a cada dia os ditos crentes se achando superiores a todos e mais estranhos à realidade que vive. A maioria aflora a sua desonestidade com desinformação e deformação espiritual. Parece que o amor que eles têm ao próximo virou moeda de consumo e não tem relação com o sentimento de Cristo à uma sociedade carente de justiça social. Infelizmente existe um ponto nevrálgico que ajuda a explicar todo esse fenômeno do fracasso: chama-se fofoca.

Aprendi que a fofoca nos tira o senso comum das coisas e que com o tempo ela exclui a nossa razão e nos torna pessoas ignorantes, sem entendimento, sem capacidade de dialogar. Porque ela age de modo determinante nas nossas emoções e relacionamentos, tanto é que agimos egoisticamente, com perversidade, sem medir as consequências da nossa insensatez com o próximo, pois com a fofoca “somos” autossuficientes em nossos falsos juízos e dominados pela estupidez e desrespeito ao outro. Ou seja, não nos interessamos pela solidariedade, não conversamos com honestidade e ainda hostilizamos intelectualmente as pessoas que não queremos...

Não direi aqui que todos os religiosos cristãos sejam fofoqueiros e intolerantes, mas a minha intenção é a de refletimos acerca da nossa postura cristã, e das razões a qual dizermos ser adeptos do amor ao próximo e ao mesmo tempo, contradizer o Evangelho e, e o porquê de destruir com a nossa língua intolerante tudo e todos que desconsideramos.

Em meu currículo de vida psicanalítica cristã, aprendi a ser tremendamente engajado na luta pelas mudanças comportamentais e transformações sociais, mas não sou piegas nem pedinchão do tipo que ora para Deus me dar tudo pronto ... Também não vivo num de paraíso sem problemas, pelo contrário, acho que muitos de nós vem empregando a vida à luta, mesmo carregando a cruz das perseguições espirituais e incompreensões intelectuais arrastadamente... Mas vejo que falta a certos religiões o senso comum de seus seguidores que estão com a mente fragmentadas e desconectadas da sua raiz (Deus, fé, bíblia...)

Lamentamos ver a maioria dos cristãos de “igreja” sendo chamados de fofoqueiros e isso não é novidade, infelizmente não tem como impedi-los de saírem por aí espalhando contendas e fatos da vida alheia nas esquinas e redes sociais, já que eles vivem num poço de contradições e soberbamente afirmam fazer a “diferença” no mundo.

 Justificadamente, há pequenas exceções, mas infelizmente, a maioria dos que fofocam mesmo acreditando que não deveriam fazê-lo, os fazem para mascarar a própria reputação ou para destruir a de outra, porém, os fofoqueiros que vivem ignorando as implicações morais e suas consequências na sua própria vida, esquecem de que quem fofoca demais pode ficar com fama de não ser digno de confiança ou de falar demais… Inclusive, muitos deles espalham fofocas negativas para aumentar seu “status” à custa dos outros.

É até triste falar disso, mas como conviver com esses cristãos da língua grande que passam do limite da sua ação espiritual uns com os outros?

Psicologicamente, é possível que talvez sofram de Schadenfreude - uma palavra de origem alemã - Schaden (dano) e Freude (alegria), utilizada para designar o prazer obtido dos problemas ...que significa satisfação obtida com a desgraça alheia.

Espiritualmente, ainda não aprenderam que para cuidar de pessoas não é necessário se intrometer na vida e nas decisões delas.  E que aconselhar é fazer com que as elas sejam capazes de caminharem com as suas próprias pernas, logicamente, com certa dose de moderação. Ainda que existam “santos” que vão além do que deveriam na sua função de guia espiritual e quebram a principal regra do aconselhador que é guardar aquilo que seu aconselhando lhe conta, nunca se esqueça que o cristão de verdade, o que cumpre o mandamento de amar o próximo como a si mesmo, não fala da vida alheia e tampouco as usa para piorar a situação de quem já está mal em algum aspecto..., portanto, tome muito cuidado com a sua língua! Ela além de ser ferina, pode acabar com a sua vida cristã ou ser usada como exemplo no púlpito, pelos tais “ungidos”.

Para ajudar os que desejam obter o perdão de Deus acerca da fofoca, fuja desses “caras” das denominações que não podem absolver pecados de ninguém, porque nenhum homem tem autorização para perdoar quem pecou. No entanto, ainda que haja no meio cristão homens imaturos espiritualmente, procure aqueles que têm qualificações profissionais e não só espirituais para te repreender e te reajustar, ajudando-a a reconhecer a gravidade de seu erro e a necessidade de arrependimento. — Gálatas 6:1.

Concluo dizendo que está raro encontrar pessoas em quem possamos confiar um segredo qualquer ultimamente, porque é possível que todos nós um dia também deixamos vazar algo que nos foi confiado. Na dúvida, pelo fato de você ter um líder espiritual na terra, peço que verifique se ele tem o direito profissional de poder emitir opiniões em diversas áreas do tipo sexual, financeira, familiar, jurídica e cultural.  Verifique se os tais estão realmente habilitados para mudar o rumo da vida das pessoas em algum aspecto social.

Também devemos procurar repensar nosso comportamento acerca da nossa fé. E creio que isso deve ser feito diversas vezes ao dia, em constante vigilância aos pensamentos e aos atos e principalmente reconhecer que todos nós podemos ser VÍTIMAS da fofoca ou AGENTE da fofoca. E como a Bíblia nos diz:

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. ” Romanos 12:2.



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tom caet