Realmente, as vezes não vemos
orgulho em nós mesmos, e não vemos o quanto ele pode afetar facilmente a nossa
vida e, subsequentemente, a dos outros. Porque acreditamos que estamos sempre
certos. E isso dificulta a manutenção de relacionamentos íntimos, afinal,
ninguém gosta de estar com um sabe-tudo. Além do mais, o orgulhoso sempre
procura nos outros as falhas como uma maneira de esconder seus próprios
defeitos e isso os impede de reconhecer suas vulnerabilidades, algo que é frequentemente
impulsionado pela falta de autoestima e vergonha. Obviamente, esse orgulho
causado pela vergonha nos deixa desconfortáveis demais para dizer: “Sinto
muito, eu estava errado, cometi um erro”, “me enganei” ...
Pela graça de Deus, sou um terapeuta
cristão e infelizmente tenho visto na política, educação e religião, Líderes,
membros, funcionários, professores, ministérios e organizações afetadas
negativamente pelo orgulho. Também
percebo que a maioria tem certo medo de que sua posição seja
ameaçada se acaso os outros amadureçam e se desenvolvam igualmente.
Biblicamente, vemos o orgulhoso em oposição a tudo, inclusive a Deus que se opõe a quem o é
(1 Pedro 5: 5), destrói a sua casa (Provérbios 15:25) e mantém distância dele
(Salmos 138: 6). Certamente, nós gostamos de criticar os outros como
uma defesa contra o reconhecimento de nossas próprias falhas.
Para a ciência as emoções como
orgulho, vergonha, culpa e constrangimento são conhecidas como emoções
autoconscientes que requerem consciência social, ou seja, são culturalmente
derivadas e universalmente reconhecidas, o que em oposição às emoções primárias:
cordialidade, modéstia, alegria..., parecem estar gravados e provavelmente
evoluídos para algum propósito social, como manter o status, por exemplo. Então,
seria o orgulho uma espada de dois
gumes?
Curiosamente, ambos os tipos parecem
compartilhar a mesma expressão, implicando que eles são facetas da mesma emoção,
em vez de duas emoções distintas. Mas para uns o orgulho simultaneamente pode
ser mal necessário, e para outros uma bênção desnecessária. Entretanto, para
compreender essa desigualdade emocional que não é só dos humanos, vai depender do
grau de narcisismo e às dificuldades associadas a ela. Outra grande
questão aqui é: já que o orgulho é universal ou culturalmente prescrito, seria ele
um mal ou uma bênção?
Infelizmente, uma das
dificuldades com para entender o orgulho é a falta de boas medidas. Embora,
recentemente, estudos acerca da expressão do orgulho tenham identificados emoções
faciais universais, tipo: felicidade, surpresa, tristeza, medo, raiva e nojo. Mesmo
assim, continua evidente que o orgulho é um enigma.
Acontece que a maioria das
pessoas que experimentam o primeiro tipo (bênção) creditam seu comportamento
para um sucesso duramente conquistado em si próprio, se auto creditando. De
modo geral, os orgulhosos sequer pensam em desenvolvimento social. Muitos em
vez de se verem como servos uns dos outros para ajudar a desenvolvê-los, só os querem
para servi-lo e seguir “sua visão”.
Outros em particular que seguem o
místico Evangelho, veem como mal. Porque o orgulho não nos encoraja a ter prazer
em sucessos passageiros, onde Deus de acordo com Sua palavra, abate e afirma
que “o orgulho vem antes da destruição e um espírito arrogante antes da
queda” (Provérbios 16:18).
Há também os que vê no orgulho um
aspecto saudável; algo positivo como um sentimento de que você respeita a si
mesmo e merece ser respeitado pelos outros, mas há os que tem uma autoestima desordenada
e ignoram que nele também há um sentimento de que você é mais importante ou
melhor do que outras pessoas.
Aparentemente ser orgulhoso até
parece ser um conceito comum, mas não é tão saudável, pelo contrário, é um
estado aparentemente destrutivo, orientado para a realização pessoal, pois promove
status rapidamente para obter a admiração, ou seja, promove o status social de
uma pessoa através da construção de conquista num prazo e não no gosto, decisão,
desejo, anseio e respeito dos outros.
De certo modo, toda e quaisquer
emoções autoconscientes, são indescritíveis, e por isso, são confusas e
difíceis de estudar, imagine responder.... São difíceis porque os anseios,
desejos, culpa ou constrangimento e experiências que atraem o orgulho em
algumas pessoas ocorrem e em outras não. E como tudo na vida, às vezes é bom se
sentir bem consigo mesmo, é preciso saber que em qualquer coisa quer seja muito
ou pouco, há patologia em ambas as extremidades.
E tem mais, peremptoriamente, um orgulhoso
quer competir contra o que é melhor para os outros. Suas tomadas de decisões
e ações são feitas com base no conforto das suas aspirações pessoais profissionais,
e quase nada nas experiencias dos outros, idade e tempo em geral. Inclusive, muitos mascaram seu orgulho na
terminologia espiritual e na expressão de boas obras no caso das religiões.
Como disse Agostinho, "Todos os outros vícios estão incrustados no mal,
mas a vaidade se expressa em boas obras". Portanto, quanto mais alguém afirma
por ter se formado na melhor faculdade e ter vencido por suas próprias
realizações na vida. Ou se orgulhar de ser humilde, honesto, sincero e de
ter fortes valores morais ou simplesmente dizer que tem orgulho de ser o que é,
já demonstra sua arrogância.
Provérbios 13:10 diz que a
“Arrogância leva a nada mais do que lutas”, e uma pessoa cheia de conflitos emocionais
tipo o orgulho nunca será uma pessoa eficaz. Pelo contrário, em vez de causar
uma submissão saudável uns aos outros, ela causa preocupação, dissensão e
discórdia constantes.
Detalhe, não podemos confundir a autoestima (sentir-se
bem) saudável com a autoimagem (cuidado) com nossas conquistas. Quando
o valor está ligado às nossas realizações, ele é construído sobre uma base perspicaz
de capacitação, dedicação e sensibilidade, mas dos outros (avaliação) sobre nós:
o que eles veem, sabem e acham.
Em contraste, a dignidade pode
viver dentro de nós, independentemente de nossos sucessos e fracassos. Não
precisamos provar nada para ninguém, nem para nós mesmos. Se ao nosso
redor alguma coisa falhar, isso não significa que somos um fracasso. Até poderemos
sentir-nos tristes, mas podemos senti-nos bem sabendo que fizemos o melhor
possível. E até alcançar a dignidade, uma conexão divina,
independentemente do resultado.
Portanto, não permitamos que o
orgulho defina quem somos. Se muita da nossa atenção for para realizar
coisas maiores e melhores a fim de nos sentirmos bem, então nos tornaremos
viciados em ingratidão. E uma vez sendo, nos colocaremos a
dispor da miséria. E De acordo com o Cristianismo a miséria é gerada
quando nos apegamos em confiança baseada na validação, afirmação e
valorização de nós mesmos e como somos.
Em última análise, todos nós já fomos
repelidos por uma pessoa que tem uma visão inflada de si mesmo. Que fala
sobre si mesmo excessivamente e raramente mostra interesse nos outros...
À medida que a luz da dignidade divina
(Jesus Cristo) brilha mais intensamente dentro de nós, percebemos que precisamos
ser mais acessíveis e menos intimidantes. Nós não nos vemos como perfeitos,
melhores ou piores do que qualquer outra pessoa. Apenas reconhecemos que
somos todos parte da condição humana onde todos temos pontos fortes e fracos.
Infelizmente, o orgulho é um
fardo que não precisamos, mas carregamos diariamente. Também não
precisamos alcançar a “grandeza” para ter valor. Somos ótimos assim como
somos. ora inclinados a buscar a excelência porque nos sentimos
significativos, ora estimulantes e expansivos, para definir o que queremos e quem
somos como pessoa.
Enfim, esforcemo-nos, se for possível,
em entender que para nós cristãos, qualquer conquista na terra é efêmera e que
tudo pode se tornar uma armadilha para o orgulho e seus afins: soberba, arrogância,
ganância, altivez, egoísmo, vaidade.
Que o Senhor gracioso e bom para
nos confrontar em nosso orgulho e nos humilhar seja com Sua graça conosco.