Antigamente nos dias de Paulo,
não havia consenso cristão ou lei constituída baseada em cristãos. Não
havia teocracia judaica, como no Antigo Testamento. Porém, os princípios,
inspirados pelo Espírito Santo, sempre foram aplicados aos crentes através dos
tempos, mesmo vivendo sob várias formas rígidas de governo. Mas, ao
contrário do que muitos podem pensar, a Bíblia nunca exigiu um modelo de
governo em detrimento de outro.
Ainda que uma democracia
constitucional equilibrada nos seus poderes seja a melhor forma de governo, a
Bíblia não a ordena nem proíbe outras formas de governo:
Porque Deus ordenou a
autoridade do governo para o nosso bem, e devemos, portanto, estar sujeitos ele.
Romanos 13: 1-7:
Sendo assim, o governo, como tudo
mais na vida, está sujeito também à lei de Deus. Pois é o Senhor quem ordena a
autoridade seja ele crente ou ímpio. E na Sua Soberania, Deus pode usar um
ímpio para fazer uma justa administração e pode fazer cumprir a Sua vontade. Conforme
dito por Jesus a Pilatos:
“nenhum poder terias contra mim,
se de cima te não fosse dado” (Jo 19:11).
E as que dizem que “a igreja”
precisa de representantes crentes no poder para defender a liberdade da pregação
do Evangelho”. Eu diria que a igreja nunca e jamais vai precisar de
representantes políticos para realizar sua função na terra.
Inclusive, foi em períodos de
perseguições em que a igreja mais cresceu e não tinha qualquer representante político.
Por vias de fato, tente lembrar-se de que os crentes vêm sendo perseguidos
ferozmente onde muitos eram torturados e outros mortos desde e pelo império
romano!
Mas ultimamente muitos crentes
tem se esquecido disto e por estarem sendo
maltratados pela ganancia e
insanidade de alguns governantes clamam por saídas vingativas no nome de Deus. Entretanto,
a Bíblia diz em Romanos 13:1, que “toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
que há, foram ordenadas por Deus”. Com isso, Paulo coibiu a vingança e defendeu
que tratemos com bondade aqueles que nos maltratam. Só que isso levanta as
seguintes questões:
Podemos denunciar aqueles que nos
maltratam para serem processados? É errado usar a força para resistir a
um agressor?
Certamente, é apropriado que o
governo proteja os cidadãos cumpridores da lei e castigue os malfeitores. Mas na
realidade, Paulo estava escrevendo para cristãos na época, porque o imperador expulsara
os judeus de Roma alguns anos antes porque os via como perigosos (Atos 18: 2) e
que eles deviam viver em amor e se dar bem em paz com todas as pessoas. Obviamente, esses judeus
odiavam estar sob o domínio romano.
Já nos tempos atuais, principalmente
em tempo de eleição vemos pregadores evangélicos utilizando o nome de José de
Arimateia como símbolo político da instituição igreja. Nome lembrado até pelos candidatos não cristãos para convencer seus
eleitores de que a Igreja pode e necessita de representação no congresso para a
sua sobrevivência. Só que isso por demais equivocado!
Sim, José de Arimateia foi um
discípulo de Jesus e membro do Supremo Tribunal de Jerusalém - Sinédrio, que
julgava de acordo com a Lei de Moisés as questões do povo judeu. Alguns o chamam
de senador e que José de Arimateia era um crente na política. Inclusive ele foi
voto vencido na decisão e no procedimento dos outros quanto à condenação de
Jesus o máximo que conseguiu foi após a morte de Jesus dirigir-se a Pilatos e
pedir o corpo de Jesus para sepultá-lo. E só!
Entretanto, quero ressaltar que a
Igreja/Corpo de Cristo, de acordo com o Evangelho, não surgiu a partir de
intervenção humana, não procedeu de carne ou do sangue, mas nasceu da revelação
de Deus no coração do homem, e que tem como resposta a confissão de que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus.
Cremos que nenhuma espada pode
prevalecer contra nós; que não somos construídos de tijolo, madeira, ou CNPJ,
mas de pessoas cujos corações almejam o senhorio de Cristo ainda que sob a
ameaça da lei e da morte.
Portanto, não necessitamos de
representação político-partidária, temos a Cristo o Cabeça (representante) e somos
dEle e Ele mesmo nos edifica e nos defende: “Eu edificarei a minha igreja e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Não ouso dizer que Jesus precisa de
uma bancada evangélica dentro de um congresso humano para defende-lo. Pedro, certa
vez, até tentou defendê-lo com uma espada e ouviu um basta dele:
Você não acha que eu pedindo a
meu Pai, ele não colocaria imediatamente à minha disposição, não uma legião de políticos
ou de representantes clericais para me defender, mas legiões de anjos?
Mas, suponhamos que a bancada
evangélica para aliviar o nosso sofrimento lute e vença algumas pautas.... ainda
assim, não teriam resolvido o nosso problema. Pelo contrário, teriam arrumado
um ainda maior, pois afrontariam os desígnios do próprio Deus, que propunha na
morte de Cristo para a nossa redenção, isso mediante as nossas dificuldades e aflições
diárias... Neste caso tais políticos sem discernimento espiritual e
conhecimento do propósito estabelecido no evangelho para os cristãos, estaria
prestando um desserviço ao reino de Deus.
É evidente que para o bem de
todos, incluindo os cristãos na sociedade é preciso de bons representantes que
sejam honestos e competentes. Mas isto é para o bem da sociedade em geral.
Nós crentes, como cidadão da terra,
não devemos ser alienados, mas agir como Corpo de Cristo, nascido e mantido
unicamente pela fé em Jesus. Demos nos ater a orar ante a perseguição das representações
políticas contra as instituições denominacionais cristas que podem até vir a
fechar as portas, e em alguns casos seria até bom que fechasse mesmo para o bem
do Evangelho, Como clama o profeta Malaquias: “Ah, se um de vocês fechasse as
portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar
inutilmente. Não tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos, e não
aceitarei as suas ofertas”.
Mas como Deus ordenou a
autoridade, devemos estar sujeitos a eles. E Paulo explica a razão por trás
desse princípio: "Porque não há autoridade, exceto de Deus, e os que
existem são estabelecidos por Ele. E segue concluindo: “Portanto, quem
resiste à autoridade se opõe à ordenança de Deus; e aqueles que se
opuserem receberão condenação sobre si mesmos.
Em suma, o que eu quero afirmar é
que se Deus ordenou várias esferas de autoridade para a bênção e proteção
daqueles que estão sob autoridade: seja o governo, a igreja local, a família e
o emprego, quem somos nós pra contradize-lo!
