19/05/2020

Deuteronômio 30: 15-19 O bolo ou a fruta?


As Escrituras testificam a responsabilidade e a liberdade de agir do homem experimentando-o a liberdade para tomar decisões e executar ações no mundo; contudo, Deus sabendo sobre nossas decisões antes do início dos tempos, nos permite tomar nossas decisões:  se para o bem ou para o mal (Provérbios 16: 4) 

Por isso é inegável ver o ser humano fazer ou agir da forma que quer. Isso talvez defina a sua ideia de liberdade. Porque acha que pode fazer suas próprias escolhas diariamente e com ou sem um direcionamento... Porém, ao fato de Deus não ordenar que cumpramos sua vontade, isso revela que não somos forçados a cumprir sua vontade. 

Mas essa liberdade humana de agir, as vezes desacorda com a natureza e os decretos soberanos de Deus, daí violamos nossa liberdade de vontade divina e fazemos besteira. 

Realmente temos a liberdade para optar por obedecer a Deus ou não. E somos livres para usar isto como narrativa imediata. Mas quando nos deparamos com as mais ilegítimas precisões, declaramos vergonhosamente a nossa escravidão terrena, alegando necessidades materiais maiores do que as coisas almejadas do céu. E o pior, damos o mesmo nome a esse escravagismo de livre arbítrio.  

Pessoalmente, coço a cabeça sempre quando ouço alguém berrar que tem livre arbítrio pra fazer qualquer coisa humana ...   Mas qual o real sentido do livre arbítrio humano na Bíblia?

Antes demais nada, ao longo das Escrituras, vemos Deus nos dar escolhas e nos convidar a escolher a maneira que ele sabe que é melhor. Tal qual fez em Deuteronômio 30: 15-19:

Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal; Porquanto te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o Senhor teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir. Porém se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinares a outros deuses, e os servires, Então eu vos declaro hoje que, certamente, perecereis; não prolongareis os dias na terra a que vais, passando o Jordão, para que, entrando nela, a possuas ;Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência...  

Claro que, pelo contexto, sabemos que Moisés disse isso aos israelitas. E da mesma forma que ele deixou-lhes escolher entre a vida e a morte, conosco Deus faz a mesma coisa, só que espiritualmente.

Eu literalmente tive que acrescentar estes versos acima a minha caminhada missionaria, e sempre quando eu me deparo com alguma decisão a tomar, eu relembro: Escolha a vida ... 

Acontece que como ser humano falho, tenho liberdade para exercer as decisões mais comuns ou fazer as escolhas momentosas que moldam a minha vida em vários aspectos. Entretanto, é evidente que as uso como mera desculpa da minha parte para manter-me nesse engano transparente de dizer que tenho liberdade de escolha. Na verdade, não tenho!

Porque como cristão, não posso escolher agradar a Deus ou segui-lo preso as coisas deste mundo, embora tenha liberdade para agir de acordo com minha natureza, ela é pecaminosa e é contra Deus. Mesmo que eu realize a melhor, mais gentil ou amável ação aos outros, sou pecador. Apesar de Deus nos dar uma nova natureza em Cristo (2 Coríntios 5:17), a velha natureza pecaminosa ainda habita em nós. E isso tende a ser confuso demais. Inclusive, essa foi a tensão de Paulo relatada em Romanos 7: 13-25. (leia)

Há um outro exemplo claro de que o Senhor coloca escolhas diante de nós em Ezequiel 18, exortando-nos a escolher segui-lo:

Se um homem é justo e faz o que é lícito e correto ... certamente viverá, diz o Senhor DEUS ... A pessoa que pecar morrerá ..., mas se os iníquos se afastarem de todos os seus pecados ... certamente viverão; eles não morrerão.

Perceba que Deus ao apresentar as escolhas diante de nós, revela seus próprios sentimentos sobre o assunto a qual nos propôs. Ele quer salvar-nos do pecado. No mais, entendo que deve ser uma escolha difícil se desgarrar das coisas desse mundo [eu que o diga!], mas não podemos estar acomodados como carnais a esta fala como método de fuga ou usá-la como desculpa de ser livre ou não saber como explicar a aparente licença desse método Divino para alcançar a liberdade pra fazer o que quer.

Repito, como crentes não podemos enganosamente fazer uma coisa ou agir de outra forma, usando o “livre-arbítrio” ilusoriamente. Porque ao acharmos que somos livres pra beber, fumar, mentir, roubar, fala, etc., criamos desconfiança, julgamos as aparências, ações e até duvidamos da palavra de Deus. Mas Afinal, temos livre-arbítrio?

Sim. Temos! No entanto, temos que ter mente que o desejo de nossos corações está naturalmente contra Deus e seus caminhos. Como Gênesis 6: 5 diz: “O Senhor viu quão grande a maldade do homem na terra se tornara, e que toda inclinação dos pensamentos de seu coração era apenas má o tempo todo. 

Tome o exemplo de Adão e Eva que escolheram comer o fruto daquela árvore, onde experimentaram as consequências de suas ações, pois após o pecado deles, toda a humanidade foi corrompida ( Salmo 51: 5 ; Romanos 5:19 ), isto é, temos o que a Bíblia chama de natureza pecaminosa (Romanos 7:18 ). E o que isso significa?

Que agora estamos em uma posição em que podemos considerar se temos "livre-arbítrio" ou não, e como podemos utiliza-lo ou não.

Claramente, não temos o livre-arbítrio absoluto - uma vez que os desejos de nossos corações são para o mal, ao menos, podemos escolher por nós mesmo, querer agradar a Deus ou não. Na verdade, podemos "escolher" nos tornar um cristão escravo, ou seja, com amor digo isto, cativo à Palavra. Mas se formos interpreta-la ao pe da letra, devemos ter em mente que a bíblia não é contraditória. Por exemplo:

Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro. (Gl 4:7) Observe que este contexto fala sobre escravidão a Lei e não a Deus. Não somos mais escravos da Lei, temos o direito e o privilégio de sermos chamados de filhos de Deus. Isto não exclui que somos escravos da vontade de Deus que é ter-nos no céu com Ele. Entende?

Note que neste outro exemplo, não há contradição, mas um complemento: “ não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido. (Jo 15:15)

Mas afinal qual o sentido em dizer que Cristo é nosso Senhor e Rei se não somos escravos dele?

Contudo, Se a Bíblia declara que somos escravos, então, somos escravos! E ainda que digam ou discordem que não somos escravos, somos livres, filhos, amigos..., não é pelo livre-arbítrio que podemos escolher ser ou não de Cristo? Negar isso que é contraditório!

Mas concordo em dizer que pelo livre arbítrio não só nos escravizamos a Cristo, mas voluntariamente e pela graça de Deus escolhemos servi-lo.  Porque todos somos naturalmente escravizados e mortos diariamente pelos vícios e enganos. E nesse sentido, não, não temos livre-arbítrio e sim liberdade pra andar nas trevas, porque nossas ações são más (João 3:19). 

Pra concluir, não sabemos o que faremos ao longo de toda a nossa vida futura. Então como é possível que algumas das nossas escolhas sejam livres?

Em primeiro lugar, não é preciso supor a existência de Deus para pôr o livre-arbítrio em questão. a Igreja/Corpo de Cristo, de acordo com o Evangelho, não surge a partir de intervenção humana, não procede de carne ou sangue, mas nasce da revelação de Deus no coração do homem, e que tem como resposta a confissão de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.

Em segundo lugar parem com o determinismo filosófico religioso de configurar o livre-arbítrio com a vontade do universo que chamando Deus de tempo ou de energia. Se o universo for determinista, não temos uma vontade livre. Isso é incompatível com O evangelho.

 Em terceiro lugar, a vida é feita de escolhas cuja as nossas ações não dependem só de nós. Mas do Espirito Santo de Deus. Isso significa que, em cada momento de falha, teremos Ele intercedendo a Deus, assim, receberemos ao modo Dele a repreensão e a correção devida.

Seja como for, a sua concepção sobre livre arbítrio, liberte-se dos desejos da carne. Não podemos deixar de crer que temos o poder de escolher servir a Deus em seus propósitos. Mesmo que no passado remoto você por fraqueza tenha escolhido beber, fumar, mentir, enfim, volte atrás e escolha a salvação. Escolha o caminho do bolo em vez do caminho da fruta!  Reflita!



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