0 (zero)
Nem todos recebem a maior graça
que Deus que é o consentimento de servir-lhe um ato de heroísmo. Esse ato, esse
impulso forte, ainda que nos faça sofrer, vem a ser a condição indispensável
para que o cristão se ponha acima de seus interesses materiais que fortaleça a
sua verdadeira vida Espiritual, e não se torne um morto a sepultar mortos.
.... indo eles pelo caminho,
veio um homem que lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que vás. Jesus
disse-lhe: As raposas têm seus covis e as aves do céu têm seus ninhos, mas o
Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. A outro disse: Segue-me. Mas ele
disse: Senhor, permite-me que vá primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus
respondeu: Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos; tu vais e
anuncias o reino de Deus (Lc 9, 57-60; cfr. Mt 8, 19-22).
O evangelho sucessivamente nos
demonstra duas atitudes perante uma chamada para seguirmos a Cristo na
qualidade de discípulos.
A primeira atitude é a de ser
generoso, pois para segui-lo seria necessário se expor a todas as espécies de
privações: fome, sede, dor, cansaço.... ou seja, atos pouco experimentados, mas
bem respondido pelo próprio Jesus com reservas. Onde Ele mostra as dificuldades
desse propósito:
... as raposas têm os seus covis, e as aves
do céu os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
A segunda atitude é a de
hesitar.... Certa vez, um jovem foi pedido por Cristo a segui-lo..., mas ele
requereu ao Senhor, um prazo que decorresse até a morte e o sepultamento do
parente doente: Senhor, permite-me que vá primeiro sepultar meu pai.
Não porque o cuidado dos mortos
não seja em si uma obra boa, mas a atitude do jovem não significava falta de
generosidade para com Deus, mas covardia de um coração dividido entre o amor a
Deus e o amor às criaturas. Como quer que seja o entendimento, num e noutro
caso o pedido de Jesus parecia muito legítimo. Ainda que tal obra fosse altamente
estimada pelos judeus piedosos em relação a prestar assistência e sepultar os
mortos, Cristo insistiu: Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus
mortos. Veja esse outro exemplo:
Um monge hindu dizia com muito
acerto: “Deus é a unidade sem a qual só existem zeros”. Com efeito, Deus é, por
definição, o Ser Absoluto – o que significa: o Valor Absoluto. Deus é, sim, o
Valor que torna valiosa toda e qualquer criatura, e sem o qual esta é vazia e
enganadora. Agora imaginemos uma série de três zeros, de seis e outra de nove
zeros:
000 000.000 000.000.000
Veja que os zeros acrescentados demais aos zeros nada alteraram;
tudo continuou sendo zero…
Se pormos o “Um” em último lugar,
ficará valendo muito pouco… Se o colocarmos em penúltimo lugar, valerá dez, o
que ainda é muito pouco… Caso ponhamos ele em terceiro, em quarto, em quinto lugar,
aumentará seu valor (cem, mil, dez mil…). enfim, com um, teremos:
1.000 mil
1.000.000 um milhão
1.000.000.000 um bilhão
Perceba que Os zeros tomam imenso
valor quando o “Um” lhes é acrescentado. Assim é Jesus, “Um” sem o qual as
criaturas nada são. Portanto, se Deus ficar em último lugar na nossa vida, a
mesma se apresentará insípida, minguada e vazia… por outro lado, que se ponha
Deus incondicionalmente em primeiro lugar para que o seu valor seja
imprevistamente grande.
O cristão que puser Deus à frente
da criatura e procurar ver tudo sob a perspectiva Espiritual, começará a
compreender o valor das obras; compreenderá também que seguir Cristo é o maior
de todos os bens e que a vida com fidelidade e absoluta fé ao Senhor, vale a
pena de ser vivida!
Deus é o CRIADOR da nossa vida
e certamente não se incomoda com a nossa morte, já com a vida.... Ele não quer
que soframos e sim, lutemos contra a morte eterna. Essa luta é muito importante
para o nosso benefício.
Sendo assim, Deus quer que a
humanidade se desenvolva de maneira "piedosa". Só que infelizmente, em
termos humanos, há muitas nações com câncer (malignidade de toda espécie), que precisam
trabalhar pela eliminação do cancro. Mas, lamentavelmente, tal nação muitas
vezes padecerão por influência dessa eliminação.
Logicamente, nós não podemos
decidir o que é bom ou ruim na mente de Deus, mas se Deus nos orienta a fazer
uma determinada ação..., ou Você esquece que DEUS decidiu que deveria ser assim?
Ou você discorda de um médico que defende a remoção de um câncer de outra parte
doente do corpo? Ou se esquece do que acontece com o corpo acaso o câncer venha
a se espalhar?
Assim deve ser a remoção de uma
nação maligna... e isso é uma ação piedosa de Deus quer aceitemos ou não.
Mas como diz a máxima: um tolo
imediatamente torna sua raiva conhecida, mas quem esconde a raiva é sábio.
O tolo só se lembra das crianças
inocentes, mas se esquece que os pecados são aprendidos por elas. Esquece que o
ciclo se repete com o que quer que seja. Mentir, roubar, prejudicar, e assim
por diante. Mas Deus amou tanto o mundo que deu seu único filho, para salvar-nos
exatamente dos pecados aprendidos com o Sangue de Cristo.
Enfim, eu vou ter uma perspectiva
e você vai ter uma perspectiva do certo ou errado, mas a verdade sempre virá à
tona. A luz sempre brilhará mais do que a escuridão. Um dia seremos mostrados;
a fé é a substância das coisas esperadas e a evidência das coisas não vistas.
Voltando ao caso da chamada feita
por Jesus ao jovem, só caberia uma resposta adequada: a aceitação imediata, não
postergada por qualquer outra tarefa; embora a dele fosse legítima – sepultar
os mortos –, era imprescindível naquelas circunstâncias exortá-lo porque, em
vez de escolher amar mais a Deus, ele “optou” aderir aos dogmas do mundo. Daí a
insistência de Cristo que nos causou estranheza: Deixa que os mortos
enterrem os seus mortos.
Em suma. Esta figura de
linguagem, forte como é, justifica-se pelo desejo que Jesus tem de realçar a
grandeza e a premência da vocação dirigida ao jovem; chamado esse a seguir
diretamente a Jesus, em comparação com quem empalidece ou desaparece, morre.
Um certo alguém disse que “Admiramos
o soldado que, no caso de extremo perigo da pátria, permanece em seu posto na
frente de combate, deixando aos de trás o cuidado de sepultar o seu pai. Como
então nos contentaríamos com uma dedicação menor, ao tratar-se do Reino de
Deus?”
O Mestre quer que sepultemos os “cadáveres”
materiais – ou os mortos, no sentido físico. São pessoas
que vivem para o mundo e para as tarefas deste mundo; metaforicamente designadas
por Jesus como “mortos” – em espíritos alheios ao Reino de Deus. Aliás, no
texto de 1 Tim 5, 6: Paulo diz que a viúva que vive em prazeres está morta,
embora pareça viva.
Por fim, o episódio ainda sugere
uma reflexão: “Deixa o cuidado dos mortos aos que se dedicam profissionalmente
a isso; já tu, porém, que recebeste a melhor das vocações, não queiras viver
como se não a tivesses, mas volta-se decididamente para os valores eternos”.