Por que alguém sobre quem não tem
informação alguma pode parecer-nos uma ameaça?
Sim, há pessoas que sentem
antipatia pelos outros. Acontece que em “certos”
casos, trata-se de sinais que a outra pessoa emite que evocam em nós “certas” lembranças
das experiências ou com pessoas desagradáveis com as quais tivemos contato num
momento qualquer de nossas vidas.
No nível fisiológico, pode ser
uma mania, aparência, cheiro, tom de voz ou até mesmo um gesto para fazer amígdala
cerebelosa - aludindo à teoria de Daniel Goleman, ou seja, que há uma glândula que
fica numa região do cérebro responsável, em grande medida, pelos julgamentos
rápidos que emitimos a respeito das pessoas. E ela ao reagir, naturalmente dispara
o alerta. Portanto, “Qualquer emoção que nos leve a comportamentos viscerais
está sendo administrada diretamente por essa glândula, por isso a resposta
automática não é racional, e sim espontânea e instintiva”.
Já biblicamente, "Vós
sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para
nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois
a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem
se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a
todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos
céus." (Mt 5:13-16).
Além do mais, pra se defender,
muitos “crentes” afirmam: “ninguém me muda” ou "Não tenho culpa de ser
assim", ou "Esta é minha maneira de ser"... enfim. A maioria
tenta se justificar para justificar a antipatia.
Mas da boca de um nascido de novo
(convertido) isso é injustificável. Porque era assim antes de ser condenado e
morrer com Cristo na cruz. Agora deve viver em novidade de vida.
"De sorte que fomos
sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em
novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança
da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto, que o
nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja
desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado." (Rm 6:4-6).
Caso não entenda sobre o que
acima foi dito, exemplifico com história de Lázaro, amigo de Jesus que ficou doente
e morreu enquanto ele estava longe. Depois de contactado viaja dias até a casa
de Lázaro para trazê-lo de volta à vida e é recebido por suas irmãs, Marta e
Maria, que estavam de luto. Maria se lança aos pés de Jesus e Lhe diz: “Senhor,
se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (João 11:32). João então
nos diz: “Jesus com toda empatia vendo-a chorar, e os judeus que com ela vinham
também, moveu-se muito em espírito, (…) perturbou-se” e “chorou” (João 11:33,
35).
Certamente, não chorou
pela perda de Lázaro. Afinal, Ele sabia e planejava trazê-lo de volta à vida em
breve (ver João 11:4, 14–15, 17). Mas em vez disso, chorou pela dor que Maria,
Marta estavam sentindo; uma dor que Ele sabia que
desapareceria em questão de tempo, mas que ainda era real para todos naquele
momento.
Portanto, empatia é um dos
atributos de Cristo, ela nos capacita entender e compartilhar os sentimentos
dos outros e como seguidor dele devemos nos esforçar para entender melhor,
cultivar e expressar maior amar em servir ao próximo de acordo com as
necessidades dele.
Nesse sentido, ter essa
característica nos ajuda em nossa busca de “estender a mão” para edificar união
e inclusão. Pensem nisso por um momento:
Por estarmos vivendo em um
período tão distante de quando Jesus viveu na Terra, podemos não entender
plenamente algumas das maneiras pelas quais Ele desafiou as doutrinas
religiosas de Sua época para ajudar outras pessoas. Tipo tocar em pessoas
doentes ou consideradas pela tradição (lei de Moisés) como impuras. Pregou aos que tinham má reputação e aos
gentios. Assim, podemos ouvi-las com a intenção de entender, em vez de julgar
ou responder; podemos evitar a tendência de sermos depreciativos, defensivos ou
críticos das pessoas com quem discordamos; e podemos, com paciência,
conectar-nos com as pessoas no ponto em que elas estão na jornada de progresso,
em vez de no ponto em que desejamos que elas estivessem.
Nesses últimos meses do ano, descobri
que, quanto melhor entendo a perspectiva e as experiências dos outros, mais
sinto compaixão, adquiro compreensão mais madura sobre questões complexas e me
sinto mais bem preparado para servir. Porque
é difícil amar alguém quando não conhecemos a história dessa pessoa.
Por fim, acerca daqueles com quem
discordamos ou não nos damos bem, ou ainda aqueles com quem estamos propensos a
discutir, literalmente a dizer: “não vou com sua cara”, que ao servirmos com amor,
ajudamos a cumprir a oração de Cristo de que Seus seguidores “sejam um como tu,
ó Pai, és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós” (João 17:21).
Não podemos enxergar ou elevar
outras pessoas ao nosso nível de entendimento ou aceitação, mas como filhos de
Deus podemos estender os braços e acolhe-las também como um filho de Deus. Pois
quando a antipatia fala e às vezes grita aos nossos ouvidos, certamente denota
a manifestação do nosso ego, e isso é sinal marcante do nosso distanciamento do
Senhor e Salvador Jesus