1Coríntios 11.1; - Os arquetípicos do pastor
No texto anterior conhecemos uma
das fabulas de Esopo - o maior criador de fábulas já conhecido e com suas
inúmeras histórias e personagens peculiares, é possível compreender diferentes
assuntos de forma simples, porém significativa. Ele era um escravo
contador de histórias que viveu há muito, muito tempo… estima-se tenha
nascido em torno de 620 antes da era cristã.
Além de escravo, Esopo era gago,
com o rosto deformado por uma extrema feiura, mas também era dotado de uma
extraordinária sabedoria prática.
Reza a lenda usava suas fábulas
para denunciar a hipocrisia dos poderosos e para desmoralizar os procedimentos
injustos das elites. Por causa do seu talento em contar histórias, acabou sendo
libertado por seu dono. Então foi para Atenas e ali dedicou-se a defender as
pessoas pobres e humildes.
Através da fabula da lebre e a
tartaruga psicologicamente consegue-se equiparar a certos pastores e lideres
cristãos alguns comportamentos. Assim temos o pastor purista, o pragmático, o
imitador e o narcisista. Principalmente aos atuais. Veja:
Em primeiro lugar, temos o pastor
purista - Esse age rápido demais em seus esforços de trazer as mudanças
necessárias às igrejas. Tem fortes convicções teológicas. Ele tem sido abençoado
com uma clara visão bíblica para a vida da igreja e sua prática. Ele corre
obstinadamente, sem desviar do caminho. Mas se move tão rápido que nem a congregação
o acompanha. inicialmente, propõe uma nova declaração de fé, uma mudança
constitucional para adotar ministérios e doutrinas. Fora o zelo radical com a
imagem do templo.
Ironicamente, em seu zelo pela
fiel teologia, ele trata com rudeza o verdadeiro povo da igreja, que é simples e
humilde. Ele sempre esbraveja contra as doutrinas da graça nos outros, mas
falha em mostrar aos seus membros a paciente graça de Deus em sua maneira de
lidar com eles. Afrontado, ele se acha um mártir teológico em sua própria
mente, cego para os seus equívocos.
Em segundo lugar temos o pastor
pragmático - Esse é o extremo oposto do purista, já que fará “qualquer
coisa que funcione” para trazer as pessoas à igreja e mantê-las lá. Nada está
fora dos limites, contanto que faça a igreja crescer e não envolva imoralidade
flagrante ou óbvia heresia. Um pragmático carismático e talentoso pode fazer
uma igreja crescer de 50 para 500 em pouquíssimo tempo, com uma sagaz mistura
de humor, tecnologia, liderança e personalidade.
O pastor pragmático sabe como
fazer a igreja crescer rapidamente, dando todas as aparências de revitalização.
Mas algumas questões importantes são questionáveis:
Ele realmente se importa se as
pessoas estão verdadeiramente sendo convertidas ao evangelho, arrependendo-se
dos pecados e confiando em Cristo a sua salvação?
Ou apenas almeja que as pessoas sejam
“igrejadas” de um modo prático e eficiente?
Será que está fazendo discípulos
de Jesus ou apenas fãs da igreja da última moda?
Ele está cultivando uma tâmara ou
sequoia espiritual, que cresce lentamente, mas adquire uma estatura majestosa
no futuro?
Ou ele está meramente plantando
uma rosa, que hoje desabrocha, mas murcha amanhã?
Seja qual a nossa resposta,
quanto mais rápida e efetivamente alguém é capaz de aumentar a frequência de
uma igreja, menos provável é que esse alguém questione teologicamente seus
métodos. Números os enfeitiçam.
Em terceiro lugar o pastor
imitador - Esse economiza tempo pegando um atalho ao replica em sua
congregação a filosofia, sociologia e teologia de programas e denominações dos
outros. Nunca apoia o ministério que quer copiar, não compra o livro, não participa
da conferência, não adquire nenhum kit e sequer baixa os sermões de outra
igreja bem sucedida. Sempre quer reinventar a roda.
Tanto o imitador quanto o pragmático
nesse sentido, podem aprender com outros modelos de igreja, isso não é errado. Até
o purista cai nessa tentação também de imitar os reformados pastores heróis.
(De fato, a Escritura nos
ordena a seguirmos os exemplos piedosos de outros (1Coríntios 11.1; Filipenses
3.17) e o apóstolo Paulo chega a apresentar uma igreja local inteira como
modelo para outros crentes (1Tessalonicenses1.7). Contudo, nós pastores nos tornamos
imitadores quando impomos o modelo de uma outra igreja sem considerar
amorosamente o caráter, a história e a cultura singulares de nossa congregação.)
OBS. Claro que esse é um
texto de reflexão. Não há pretensão em fazer uma exegese fiel da Bíblia porque
isso é um trabalho de tartaruga e não de coelho. Porque nós também erramos como imitadores ao
deixar de avaliar o nosso modelo preferido (Cristo) à luz do ensino teológico e
psicológico.
E por fim temos o pastor
narcisista - o coelho mais perigoso. O narcisista vê o ministério da igreja
pelas lentes de sua própria narrativa pessoal. Ele vê a renovação e a reforma
congregacional como o palco para estrelar um roteiro centrado em si mesmo.
Na vanguarda, sonha em ser o cara
que ajudará a igreja tradicional ou pentecostal enfadonha a se tornar moderna e
eficiente. Certamente se imagina como um ativista que confrontará a igreja com
lutas de classe acerca do envolvimento com os pobres e incautos.
Ele se acha a reencarnação de
Lutero a procurar uma igreja vacilante doutrinariamente na qual possa afixar as
suas 95 teses. Ou quem o “coach” que se veja falando a milhares de pessoas
querendo transformar a sua congregação naquela milionária mega igreja.
Devido a sua mania de grandeza, todo
o narcisista tende a produzir pra si a impaciência. Quando estamos cheios de
nós mesmos, interpretamos instabilidades e fracassos pessoais e vemos os
opositores como ameaças pessoais. Portanto, aconselho que corra feito um
coelho desgovernado quando bater de frente com pastor
narcisista.
Resumindo: Agarre-se ao seu
casco (fé)!
De um lado temos uma tartaruga que
se arrasta fielmente adiante em alcançar o seu propósito. Do outro um serelepe
coelho que se arranca em disparada sem limite apenas pra se mostrar capaz...
A tartaruga representa o cristão
que se empenha pela renovação por meio de um ritmo constante de pregação bíblica
expositiva diária, deixando que a Palavra ao tempo de Deus faça sua obra de
transformação nela. Como cristão devemos dedicar tempo significativo à oração,
clamando a Deus por revitalização. Também devemos caminhar devagar o bastante
para conhecer e ouvir a voz do genuíno mestre, entendendo que não se pode
verdadeiramente reformar aquilo que não se ama. Temos que ter a confiança abrangente na
soberania do nosso criador que produzirá a mudança necessária em nós, então
aqueles baques cairão como chuva serôdia sobre nossa cabeça, refrescando-nos.
Se Deus quer, que como a tartaruga da fabula, estejamos dispostos a dispender
toda a carreira em uma única certeza: a salvação. E que a nossa narrativa
pessoal seja simples e objetiva: eu sou apenas um servo de Jesus.
Se foi impressionante o quão
longe a tartaruga pode ir imagina a gente?
Assim, esforcemo-nos por
renovação de um modo que ponha os holofotes não no pregador com sua própria
criatividade, técnica e personalidade, tão pouco no templo suntuoso, confortável
e cheiroso, mas na Palavra de Deus, no tempo de Deus e no poder do evangelho.
E quanto as pessoas que contestam
acerca da nossa transformação, e aperfeiçoamento diante de Deus, não exibiremos
nossas credenciais, diplomas e ordenações
como as pernas musculosas de coelho apressado. Em vez disso, apenas diremos com
toda a sinceridade: “Isto procede do SENHOR e é maravilhoso aos nossos olhos”.