06/06/2024

O desafio duma espiritualidade missionária

 O desafio duma espiritualidade missionária





Hoje, infelizmente, nota-se em muitos agentes, tantos pastorais ou consagradas, quanto a membresia, uma preocupação exacerbada pelos espaços pessoais de autonomia e relaxamento no que se refere a sua fé e seu comportamento cristão.  

Vemos que grande parte deles criam e vivem os próprios deveres numa função eclesiástica como mera extensão da vida social que leva. Uns bebem, fuma, cobiçam, enfim.  

Realmente, não me cabe explanar a vida espiritual de ninguém, mas alerto que   muitos vêm se confundindo em alguns momentos religiosos em algo que proporcione algum alívio em sua zona de conforto, mas não alimentam o compromisso com Cristo de ir mesmo fatigado, anunciar ao mundo, as boas novas e a declarar sua “paixão” pela evangelização.

Ao invés disso, é possível notar neles – não obstante até orarem – uma acentuação do individualismo, uma certa crise de identidade e uma fé num declínio do fervor. 

Espero que atente também as três causas ou males que os levam a alimentar entre si. São esses três problemas:

Em primeiro lugar, o problema da moderna cultura mediática que alguns ambientes religiosos (igrejas) transmitem. É que lá às vezes, ocorre uma acentuada desconfiança quanto à mensagem pregada e um certo desencanto também. Em consequência disso, embora orando, como disse anteriormente, muitos que se dizem crentes desenvolvem uma espécie de complexo de inferioridade que os leva a relativizar ou esconder a sua identidade cristã e as suas convicções em certas ocasiões... 

Digo isso porque no campo vejo   que muitos não se sentem tão felizes com o que são nem com o que fazem em suas igrejas, e sequer se sentem identificados com a missão evangelizadora. Deste modo, a tarefa da evangelização pra eles se torna forçada e sem dedicação, esforço e   tempo limitado, acabam por sufocar em si a alegria da missão ou numa espécie de obsessão, acha que tem poder diferente dos demais.

Em segundo lugar, há o problema do relativismo que independentemente do estilo espiritual ou da linha de pensamento que possam ter, desenvolvem em si um relativismo perigoso que se opõe a sã doutrina. Falo das heresias, apostasias e filosofias oferecidas pelas muitas instituições de ensino que cobram pra apresentar muitas opções de profundas e sinceras interpretações humanas que determinam uma forma de vida mais concreta, porém, menos espiritual. Obs. É impressionante como esses que aparentemente dispõem de sólidas convicções doutrinais e teológicas se sobressaem sobre os incautos! 

São os “coaches” da fé. Pregadores que muitas vezes, num estilo de vida filosófica, levam muitos a se agarrarem a segurança econômicas ou cargos de poder e de glória humana! Os tais agem neste relativismo como se Deus não existisse; como se os pobres não existissem; como se os sonhos não existissem e como que receberam o anúncio não existissem, só eles. Ahammm! 

E por fim, há o problema do assédio dos que buscam aparecer por qualquer meio. Eles se tornaram seres iluminados do poder divino, mas sem nenhum entusiasmo missionário. Certamente a vaidade deles os impedem de dar a vida pelos outros no IDE! Ou quem sabe, o problema desses iluminados esteja no excesso de atividades, sobretudo nas atividades mal vividas, sem as motivações adequadas, sem uma espiritualidade que impregne a ação e a torne desejável...?! ou seria desmotivação, pois toda as obrigações ficam razoavelmente cansativas, e às vezes, eles nem percebem que estão presos a  fadiga e a preguiça.... Obs. Não se trata duma fadiga espiritual somente, mas uma tensa e desagradável preguiça espiritual. Fora a culpa não assumida. 

Em suma, a frouxidão dos “iluminados detentores do supra conhecimento divino” pode ter diversas origens. Entre elas a abominável arrogância de quererem sustentar projetos - da própria cabeça - irrealizáveis e a inexperiência de não viverem o que razoavelmente pretendem exigir aos outros. Outra causa é a aceitação. Muitos por não aceitarem a custosa e lenta evolução dos processos espirituais, querem que tudo caia do Céu ou nas costas dos outros rapidamente. A maioria vive assim: afoita. Quando algo dá errado, a culpa é dos outros. Mas se esse mesmo algo der certo, aí o mérito é meu! 

A maioria desses que se apegam a alguns projetos ou a sonhos de sucesso cultivados pela sua vaidade, cedo ou tarde verão que perderam o contacto real com o altruísmo, e colherão os frutos duma despersonalização da fé que o levará a reflexão que seu ministério esteve mais focado na    placa da denominação do que nas pessoas, e assim tal qual os seus “seguidores” que como ele caem na frouxidão, e por não saberem esperar e quererem dominar o ritmo da vida ficam frustrados e desistem do evangelho. E por não alcançar os resultados imediatos propostos pela ânsia de riqueza, fama e poder material, apostatarão da fé..

 Ademais, tudo isso faz com que os demais membros que por desconhecerem o caráter do seu líder, passem a tolerar mais facilmente tudo que signifique alguma contradição; um aparente fracasso; uma crítica, uma cruz pesada... certamente todos que se entusiasmaram com a «tabela de preço» da vaidade do seu pastor, se esqueceram do que ensina a sã doutrina bíblica - que é a humildade de Jesus, seu salvador. 

Quanto mais, espero que surjam pessoas que realmente busquem um dinamismo missionário que leve sal e luz ao mundo. Que os verdadeiros pregadores aprendam e evitem convidar os muitos leigos que ainda temem pra realizar alguma tarefa apostólica no campo e se caso forem enviados sem preparo, que os próprios não procurem fugir de qualquer compromisso que lhes possam “ocupar” o tempo livre. 

Pessoalmente vejo que nas igrejas se tornou muito difícil encontrar alguém que leve uma palavra de consolo nos funerais ou que estejam preparados e que perseverem no seu dever de sacerdote nos presídios e hospitais. Ou que não se preocupem e sem obsessão utilize bem seu tempo pessoal. E aos que ainda resistem a provar até ao fundo o gosto da missão, mas que acabaram mergulhados numa preguiça paralisadora, digo que uma vida fácil ou simples demais pode ser tediosa. Sim, às vezes. Mas grandes emoções dependem de certos riscos. Bora pôr as mãos no arado?

 


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tom caet