15/10/2016

Ouvir ou escutar?


    Há duas ações diferentes em nossas relações que é: ouvir menos e escutar mais. Numa – ouvir - há quem não se importa que a comunicação exista, e isso já é o suficiente pra ele, e noutra – escutar - que é se preocupar em fazer a diferença quando entender simplesmente... Sendo assim o ato de ouvir é uma ação passiva. Já o de escutar é uma ação ativa que leva a prestar verdadeira atenção àquilo que outra pessoa está dizendo. Mas para isso é necessário que a pessoa cale para ouvir e escute para entender todo o movimento da comunicação.

Num dialogo qualquer,  emitimos mensagens faladas ou atuadas, explícitas ou implícitas ou de duplo vínculo, imagens, gestos, enfim, algo que traz em seu percurso de ação a percepção e subjetividade das nossas ideias. Inclusive um tanto comum para poucos, porém equivocados para muitos, ou seja, enquanto uns calam, prestam atenção nas falas para entender, os outros sequer calam ou entendem o que falam, mas insistem em ser ouvidos...

Se não abrirmos nossos ouvidos para escutar completamente, será difícil poder dizer ao outro algo que seja válido ao seu entendimento também.

Assim, as pessoas que sabem escutar os demais os acompanham em sua viagem pela vida, ao contrário dos que só fazem ouvir e se confundem no caminho... Portanto, saber escutar exige o domínio próprio e é uma atitude difícil, pois requer espiritualidade, atenção, compreensão e juízo. Dando atenção ao outro, entraremos em seu âmbito de interesse e seu ponto de referência de entendimento...

Apesar de tanta tecnologia, o real sentido de ouvir ainda seja algo que requer entendimento pessoal, discernimento espiritual, esforço e dedicação ao amor ao próximo, e convenhamos poucos sabem fazer isso devido à comunicação humana está tão limitada e ineficiente, tem um pouco de liberdade, mas muito menos entendimento. Talvez isso aconteça devido a grande dificuldade de muitos se relacionarem hoje.

 “liberdade com Deus é poder agir e pensar de acordo com a Sua vontade e desejar as coisas sem que o tal vitime o próximo”.

Ainda precisamos expelir muita presunção e eliminar o orgulho de certas ideias. Uma delas é querer ou fazer parte de um grupo cheio de autossuficiência e vaidade. A outra é de não ser capaz de perceber ou entender os sentidos mais simples da vida: respeitar por exemplo.  Digo da violência nas palavras de quem etiqueta as pessoas como bons e maus a revelia, e dos que se sentem comissionados a dizer que as pessoas más merecem castigo de tal jeito... Quem são esses juízes do entendimento, fiscais dos comportamentos e doutores da alma?

Na verdade, digo que são meros experts da enganação... Ao ler isso, certamente um deles poderá me dizer: Caraca! Teu problema é que tu é muito presunçoso, santarrão, pragmático, altivo, dono da verdade, sabe tudo...! Aí eu responderei com gosto assim: o entendimento é seu e o problema não é o que você faz dele, mas sim, como faz com ele...

Enfim, quero dizer que eu não ligo pra esses juízos moralistas que nos implicam a cometer atitudes errôneas acerca das pessoas que não atuam de acordo com certos valores que eles acreditam ser certo, por exemplo, evito jogar a culpa nos outros, insultar, rebaixar, pôr etiquetas, criticar, comparar emitir análises sem motivos (escrever é um motivo)... Ao contrário deles que fazem tudo isso e demais distintos modos de formar juízos através da falsa conversação, contendas que bloqueiam a compaixão e agrava a injustiça.

Tecnicamente entendo que todo diálogo exige uma atitude atenciosa e silenciosa - na qual devemos calar pra ouvir e analisar atentamente a fala do outro pra entender. Mas em certo momento precisaremos ter muito cuidado com o que ouviremos mais do que diremos a certas pessoas, sabe por quê:

Primeiramente algumas vezes, a forma utilizada para passar uma informação conta mais do que a própria mensagem. É preciso saber ouvir com atenção o que nos é dito. Pois na realidade em que vivemos tem gente pobre de ideias e gente rica de conhecimento, mas ambos fracassados por não saberem diferenciar o ouvir do escutar.

Em segundo lugar, observemos que há poucas pessoas que se importam se as chances de entendimento delas sejam maiores ou menores que a dos outros. Elas não estão nem aí se o grau de falcatruas linguísticas fará ao próprio entendimento - chegando inclusive ao limiar da ausência do conhecimento (pra não chama-las de burras e ainda se valerem disso)... E mesmo que seja chamada do que for, sempre que conversamos com alguém enviaremos mensagens explícitas, daí ele vai entender o que quiser, e vai ouvir o que quer, pois cada um possui uma percepção e subjetividade própria, ou seja, cada um possui o interesse especifico seja de experiência, gosto, desejo, anseio, história de vida ou apenas enxergar as coisas à sua maneira definidamente. Mas, sinceramente, ainda prefiro carregar comigo essa frase com muita verdade:

O problema de certas pessoas não é o que as elas falam ou como elas falam, ou deixam de falar, mas sim, o que elas querem ouvir de mim...  Outra verdade é:

Quem vai parar para pensar em como tem agido com as pessoas à sua volta agindo desse mesmo feitio? E quantas vezes temos conversado com alguém e ficado quieto como se tivéssemos entendido tudo o que ela nos disse? Ou quando iremos admitir em atitudes sinceras que entendemos de maneira equivocada o que nos foi falado?  E quem quer ser chamado de “falso”?

Ninguém quer né? Dai brinco dizendo que estou sempre conversando com um “esquizofrênico”, porque na comunicação com eles, tudo tem duplo sentido, ou nenhum sentido e a emissão de mensagens de sim ou não, com eles inexistem. Fato é que quase sempre falamos muito com quem não entende nada do que contamos... Mas por que será que insistimos tanto nisso?

Porque a comunicação é uma via de mão dupla pra todos nós. Toda conversa pra ser eficiente precisa passar a compreensão de um ponto específico do outro, um fato, um pensamento, informação... Diante dessas questões vamos analisar rapidamente o assunto por meio de um ensaio de Plutarco datado do ano 100 D.C.:

 “Quem se acostumou a ouvir com autodomínio e respeito, acolhe e retém o que é útil, discerne e reconhece melhor o que é inútil ou falso mostrando-se amante da verdade e não queixoso nem precipitado e genioso”.

Partindo desse pressuposto, é sempre importante que saibamos ouvir e assim também fazer ser ouvido por alguém e fazê-la se sentir melhor, ou seja, mesmo que você esteja muito ocupado, você deve sempre arranjar tempo para fazer alguém se sentir importante.
Temos que entender que comunicar é exatamente transmitir uma mensagem de uma pessoa a outra. Algo aparentemente simples, só que não, devido a esse constante comodismo e variação de tudo. Como disse Heráclito, um estudioso da mudança contínua de todas as coisas que nenhum homem toma banho duas vezes no mesmo rio, pois quando volta, nem o homem é mais o mesmo, nem o rio é mais o mesmo.

Devemos exercitar a habilidade de escutar sempre! É um exercício saudável, enriquecedor e solidário, sobretudo em uma sociedade na qual existem muitas pessoas que precisam ser ouvidas. Pois tecnicamente quando estamos falando com alguém, tanto um quanto o outro ouve e elabora o que vai dizer assim que o outro terminar de falar. Há um provérbio oriental que diz que “ninguém coloca mais em evidência sua baixeza e má criação, do que aquele que começa a falar antes que seu interlocutor tenha terminado”.

Realmente quando escutarmos aqueles que falam com a gente, daremos a ele a importância que merecem, e provavelmente eles ficarão agradecidos e dessa maneira, teremos um clima de respeito, estima e confiança. O ato de escutar é uma habilidade que exige abertura, transparência e vontade de compreender. O perfeito equilíbrio entre saber escutar e saber falar.

Somente quando somos capazes de escutar o outro, abrimos a porta para que esta pessoa se comunique conosco. Ao longo da vida ouvimos muitas coisas, mas escutamos muito pouco. Quando ouvimos, não prestamos atenção profundamente, simplesmente captamos a sucessão de sons que são produzidos ao nosso redor. Enquanto que, quando escutamos, nossa atenção está dirigida a algum som ou mensagem específica, ou seja, existe uma intenção; nesse momento, todos os nossos sentidos se encontram focados no que estamos recebendo.

Em suma, tudo que acontece ao nosso redor tem propósitos de Deus e nessa caminhada de fé, sempre haverá alguns momentos em que seremos levados a passar temporariamente pelo deserto da ignorância, local onde teremos provações totalmente contrárias à nossa vontade e conhecimento. Entretanto, a partir desses fatos, tomemos novo rumo, posicionamento e aprendamos a ouvir menos e escutar mais a voz Divina, sabia e soberana de Deus.

Vamos dar uma parada obrigatória para o novo conhecimento. Está na hora de jogar fora as ideias velhas, ruins e inúteis para renovar o entendimento. Então vamos aprender a escutar?



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tom caet