Existe uma estreita relação entre o silêncio e a inquietude na vida. É que
ambos nos fazem conhecer o nosso interior. Como não encontro nenhum
questionamento pessoal acerca disso, assumo que o meu silêncio é o efeito do
meu equilíbrio, pois de que adianta dar importância ao que não deve e querer o que
não se sabe o que fazer com ele?
Erramos quando somos conduzidos pela precipitação e desejo desenfreado
em seguir os próprios interesses. Quando desprezamos os ensinamentos, a
sabedoria, as ordens e o próximo. Devemos então ter em mente que o
sentimento de quem despreza está ligado à perda de um complemento de sua
existência que é a solidariedade.
Solidariedade é a expressão de Deus em nossas vidas, com ela damos
continuidade do ministério de Jesus. Nele vivemos interligados. Com Ele nos importamos
uns com os outros. Através dele compatibilizamos o preceito bíblico que diz: “Ame
o próximo como a ti mesmo”. Mesmo que dentro de uma sociedade competitiva onde
cada um procura sempre estar acima dos demais. Deus nos admoestou a não nos
contaminar com os povos que perverteriam o coração do povo escolhido... (Dt
7:3-4).
Sem solidariedade, as pessoas se tornam hipócritas e a falsa postura de
alguns, fazem a fé cristã ser mal representada na Terra. Digo isso porque a cada dia que passa me entristeço ao ver o desprezo
desses que seguem a “Jesus” e desprezam a bíblia, a Sua obra... Infelizmente a maioria deles também ignoram a
narrativa da Parábola do Bom Samaritano quando abandonam o seu próximo.
Esta parábola foi contada por Jesus a fim de ilustrar que a
compaixão deveria ser aplicada a todas as pessoas indistintamente... Num
contexto mais amplo, Jesus quer que consideremos e não desprezemos aqueles que
não vivem a nossa cultura, tradição e fé.
Infelizmente o pior desafio ainda
é vencer todos os obstáculos: morais, desejos materiais e vencer quem pode nos afastar
do Evangelho com certas ideias próprias: nós mesmos. Inclusive, nesses últimos tempos o meu silêncio
está fazendo mais estrago do que o barulho das minhas palavras com os outros.
Também me calei com algumas pessoas
- não me ausentei delas – apenas fugi dos seus maus juízos limitados e contraditórios.
Inclusive partes delas que convivi, não entenderam o que efetivamente se passa
comigo nas coisas de Deus.
Notadamente poucas entendem e mostram
estar capacitadas a entender o que realmente é bom para si, devido à condição
de vida que leva diariamente, ou seja, estão cheios de fofocas, falsidade, crítica,
ambições, hipocrisias... Algo que sempre tentam justificar....
N meu caso até onde Deus permite,
engulo a ignorância deles, (risos),
embora eu reconheça que as ideias que apresento possam estar levando eles a olharem mais os defeitos dos outros do que
os seus próprios, também reconheço outro vício terrível que é expor
alegremente a eles, os sonhos e projetos de Deus pra mim. Tolamente contei os
projetos de Deus considerando a razão intelectual de pessoas que mal saiam da
zona de conforto... Que grande equívoco da minha parte!
Também reconheço que errei com a
minha tagarelice em ter gerado expectativa neles, por isso convivo com um dos
piores sentimentos que existem no homem: a hipocrisia - defeito de quem quer
fingir-se de cego para os seus próprios erros, mas não para os erros do outros.
Na realidade, para ser um pouco
rude comigo mesmo, digo que NINGUÉM entendeu o que sinto. Porém, dentro do pouco
que entendo de Deus, Ele é bom em acalantar, suprir todas as necessidades dos
seus... E pelo que aprendi na Sua Palavra, Ele nunca se afasta de quem pensa
diferente, ainda que pedagogicamente Ele “silencie”, a Sua amorosa presença nos
protege. Portanto, a maioria das pessoas que vivem acomodadas na fé não entende
a verdade porque simplesmente não a conhecem e se conhecem não a experimentam
e, se experimentam se ensoberbecem e assim, não conseguem avaliar as coisas de
Deus, ainda que acreditem que sim. Digo por que eu também pensava que sabia.
Disse pensava, pois hoje quando descrevo
o evangelho efetivamente a alguém, dependendo de como elas ouvem, falo com
cautela nada mais do que necessário... Não falo pérolas de reflexão, pois não espero
que venham a não se aprofundar em entender e praticar... Calo-me com ela! E o
silêncio de minhas verdades ainda que discorde de tudo que elas demonstram, vive
e guardo dentro de mim...
Sei quão longa é a minha caminhada!
Para eu entender a importância do Evangelho foi preciso experimentar o seu “amargo
sabor”. Atualmente vivo o silêncio, o único
que pode expressar o meu grito de solidão, mas, a frase que mais desejo seguir
é: “Quando falar procure que suas palavras sejam melhores que o seu silêncio”.
Aliás, é nessa área de
relacionamento que vejo a ousadia tomando conta. Quantas vezes eu vi e ouvi gente
que não esperaram em Deus e perderam a promessa, e acabaram frustradas por
precipitações. Pessoas que querem condenar alguém. Quantos frustrados por atos
de precipitação.
Pessoas que nos fazem travar uma
verdadeira batalha com o domínio de nossas palavras, que nos fazem analisar
nossos valores e o que nos permitimos realizar com as nossas emoções.
A conclusão de tudo isso é que o nosso passado de pecado além de ser pessoal,
ele está vivo em nossas mentes. E é ele que nos impede de escarnecer... Tocar nele
só se for pra trazer paz e felicidade.
Ainda assim consigo ver o cristão verdadeiro como um peregrino neste
mundo. De quem que tem a vida cheia de desafios a vencer. De alguém que busca
seu crescimento espiritual se compadecendo do próximo.
Deus deu a Salomão a Sabedoria que havia pedido e a “condicional da
Benção” era: “Se andares nos meus
caminhos e guardares os meus mandamentos também prolongarei seus dias (I Rs
3:14). Não tenho a menor duvida de que a vida é feita de causa e
efeito. Portanto, Cada um recebe de
acordo com o que dá ao próximo. Se você der ódios e indiferenças, vai
recebê-los de volta. Mas se der atenção e carinho, vai ser cercado de afeto e amor.
Nunca despreze! Desprezar não é de Deus! Seja um peregrino na terra. Amém!