12/10/2016

SINCERICÍDIO x sinceridade



Sempre criamos uma expectativa pessoal muito alta sobre nós mesmos e ainda somos bastante intolerantes às nossas fraquezas, o que nos faz erroneamente crer que os outros não vão gostar da gente como somos. É verdade que algumas questões são pesadas e nos afetam. Não se importar com nada ou transformar tudo em algo pesado e uma imensa tortura... Dai Buscamos aceitar o melhor nos outros do que em nós, e agimos de forma carinhosa, positiva, instrutiva considerando ser isso uma ótima opção para minar o tão nefasto hábito de achar demais e colocar tudo a perder.

Também é comum carregarmos um medo sutil de tudo que parece bom. Mas quantas vezes nós matamos até mesmo nossas melhores qualidades, fixados no que há de imperfeito em nós sendo sinceros?
É bom lembrar que a sinceridade é uma característica de uma pessoa autêntica, um traço do caráter, uma virtude e aparece em quem tem um comportamento correto e leal.  A sinceridade é altruísta.

Só que pra ser sincero não é ser deselegante e muito menos magoar as pessoas com as opiniões, seja moral ou psicológica.  Essa  prática do “sincericídio” - um neologismo que resulta da junção das palavras sinceridade e suicídio, é um o ato de quem acreditava ser sincero, honesto, quando na verdade a verdade está sendo insensível e irresponsável ao comunicar verbalmente determinadas informações para outro, produzindo uma ferida emocional significativa.

O sincericida é hábil em produzir mágoas e machucados profundos... O grande perigo é que muitas vezes ele parece estar envolto por boas intenções.  Como diz o velho ditado O homem morre não pelo que entra pela boca, mas pelo que sai dela, entretanto, quando uma pessoa fala o que pensa em momentos inadequados, se torna grosseira.

O escritor, filósofo e político brasileiro Marquês de Maricá nos alertou sobre sinceridade assim: A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis.

Alguns especialistas declaram que o sincericídio, pode estar nas atribuições dos pais, que destroem a autoestima dos seus filhos por minúcias; nas funções dos professores, que são capazes de causar rebaixamento dos seus alunos, que têm défices cognitivos; na relação dos maridos, que censuraram os descuidos das esposas e nos papeis dos líderes em geral, que desmotivam a todos por tolices.

Podemos ilustrar alguns exemplos de comentários mordazes sobre aparência das pessoas: “Que cheiro ruim, terminou o perfume na farmácia.” “Você se veste muito mal.” Você esta magro, falta comida na sua casa... “Você deve cuidar dos seus cabelos”. Enfim, falou e o mal-estar acontece...

O que chama a atenção no sincericídio é que os sincericidas, de forma quase inconsciente, confundem a sinceridade, que é altruísta e extremosa com o lado descortês que ao se expressar intencionalmente produz constrangimentos, ressentimentos e estranhamentos entre as pessoas.  

Portanto, qualquer que seja o sentido da palavra sincericídio, saiba que quem alega ser sincera, ao extremo acaba sendo ligada a uma falta de discernimento e de bom senso e é mal vista como uma pessoa que invade a individualidade alheia, repetidamente pela inexistência de filtros racionais na escolha das suas palavras. E por fim, lembre-se: as pessoas só mudam se quiserem mudar.

Não serão as minhas palavras que farão com que as pessoas adotem uma nova atitude, e nem pretendo me esconder no falso lema: "prefiro falar na cara do que pelas costas", isso é uma odiosidade! 

Digo por experiência, que é maravilhoso ser solicitado a aconselhar, mas é bom que comece guardando suas opiniões para si quando não forem solicitadas, se abstenha e não se meta em problemas que não são seus, e seja mais educado, amáveis e respeitosos com tudo que e com todos que pensam diferentes de você. Nada de máscaras ou representações. O céu não é dos SINCEROS. E sim dos mansos... E pronto.





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tom caet